A reportagem exclusiva, assinada por Caio Junqueira e Fabio Serapião, revela em detalhes os bastidores do “casamento de conveniência” entre Jair Bolsonaro e Dias Toffoli, presidente do Supremo Tribunal Federal.
Os padrinhos são Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre, respectivamente presidentes da Câmara e do Senado. E há ainda Gilmar Mendes a animar a aliança.
A reportagem é alentada e minuciosa. Separamos três trechos para você. A passagem abaixo explica as razões da aliança por conveniência:
As bodas ocorreram, de fato, no dia 16 de julho. Foi quando Toffoli deu a decisão que travou a única investigação com potencial de causar embaraços sérios para o clã Bolsonaro na Justiça. “Foi uma catarse”, diz uma fonte sobre a maneira como a primeira-família da República recebeu a decisão. Havia motivos para tanto. Em uma canetada solitária, durante o recesso do Judiciário, Toffoli atendeu a um pedido dos advogados de Flávio Bolsonaro e suspendeu o inquérito aberto a partir do relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras, o Coaf, que havia apontado transações financeiras suspeitas envolvendo o agora senador e alguns funcionários e ex-funcionários de seu gabinete na Alerj, a Assembleia Legislativa do Rio, na época em que ele era deputado estadua.
Já os dois trechos a seguir mostram as consequências da aliança que se esboça em Brasília. A primeira vítima é o Coaf.
De lá para cá, os gestos do Palácio do Planalto em retribuição ao ministro se acumulam. Bolsonaro passou a ouvir com mais atenção os pleitos oriundos do outro lado da Praça dos Três Poderes. Por exemplo: Toffoli e Gilmar, entendiam que o Coaf estava aparelhado pela Lava Jato — a qual, na visão de setores importantes dos tribunais, estaria interessada em avançar sobre o Judiciário. A queixa tinha endereço certo: Roberto Leonel, o presidente do conselho, escolhido no início do governo por Sergio Moro. Antes de desembarcar em Brasília juntamente com o próprio Moro, Leonel havia integrado a força-tarefa da Lava Jato no Paraná, como representante da Receita, órgão do qual é funcionário. Bolsonaro, ao que tudo indica, rendeu-se à pressão do Judiciário e ordenou a Paulo Guedes que tirasse Roberto Leonel do posto. A demissão ainda não foi consumada, mas está em vias de ocorrer.
E, depois, a Receita Federal:
Em outra frente, a própria Receita Federal, outro alvo da fúria de Toffoli, Gilmar e companhia, passará por profundas transformações. A caça às bruxas já começou – e justamente pelos setores ligados às apurações internas que miraram as transações financeiras de ministros e seus familiares. Já é dado como certo, internamente, que haverá mudanças, por exemplo, em posições estratégicas da área de inteligência. No atacado, a Receita será reestruturada. Deverá virar uma autarquia. A exemplo do que está em marcha no Coaf, a ideia é limitar o campo de ação do órgão. Auditores perderão poder de investigação…
Quem podia imaginar que no caminho de Bolsonaro tinha um filho bandido, e, por causa dele o presidente se aliasse aos corruptos?
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