As
cidades se iluminam mais. Nos shoppings e outros espaços públicos vemos
decorações natalinas. Existe incentivo ao consumismo e a mente,
inquieta, insiste em voltar 2019 anos. Maria e José já haviam deixado
sua Nazaré, na Galileia, para realizarem o recenseamento, conforme edito
de César Augusto. José, o carpinteiro (diga-se de passagem que a
carpinteira tinha destaque naquela época), era nascido em Belém, a
cidade de David, na Judeia, e para lá deslocar-se-ia com Maria, sua
esposa, que estava grávida. Ainda hoje não é uma pequena distância.
Imaginemos naquela época. Penso que a esta altura, dez dias praticamente
do nascimento de Jesus, José, seu pai amoroso, e Maria, sua mãe, já
estavam a caminho… e, diríamos, do caminho que trouxe a redenção, a
salvação à humanidade.
A história do Filho de Deus é inspiradora. Digo isso sem ameaças de
cair em lugar comum. Vejamos: a concepção. Um anjo veio à terra e foi ao
encontro de uma virgem, hoje sabemos, concebida sem a mácula do pecado,
pois, Deus “jamais entrará numa alma de má fé e jamais habitará num
corpo sujeito ao pecado” (Sb. 1,4). Maria estava noiva e “não conhecia”
homem algum. Mas, o Espírito Santo de Deus viria sobre ela e quem n’ela
fora gerado é o Filho de Deus. Maria aceitou a vontade de Deus. Anunciou
o Anjo que a prima de Maria, Isabel, estava grávida. Então, sem nada
contar a José sobre os acontecimentos, Maria vai ajudar à prima. Isabel
exulta em ver a prima, exclamando: “Donde me vem a honra de receber a
Mãe de meu Salvador”.
Após o nascimento do filho de Isabel e Zacarias, Maria volta à Nazaré.
Àquela altura, a barriga já era evidente e ela ainda não casara com
José. Ele, um homem justo, decide abandonar Maria para que ela não fosse
apedrejada, conforme as leis da época. Mas, o anjo aparece em sonho a
José e revela o que estava a acontecer e diz mais, ele, José, daria o
nome ao Filho de Deus, Jesus, e seria seu guardião. É ou não é uma
superação, como dizemos hoje? Inspira-nos e faz-nos lembrar a pequenez
das dificuldades cotidianas ante essa realidade.
Mas, recordando a ideia principal, Maria e José se encaminhavam a
Belém. José não tinha mais parentes na cidade, Maria também não. Mas,
mostrando que Deus tudo planeja e “há tempo para todo o propósito
debaixo do céu” (Ecl. 3,1), o recenseamento foi um modo de Deus
determinar que seu Filho humanizado nascesse na Cidade de David, Belém, a
“Casa do Pão”. Jesus se tornaria, depois, o Pão Eucarístico. E nós
veremos nos dias seguintes. Eles chegarão a Belém e lá não encontrarão
hospedagem. É tarde. Maria sente que o nascimento de Jesus se aproxima.
Hora ímpar em que Deus se faz homem e diríamos que o céu se encontra ou
se faz terra. Os animais são os anfitriões. O berço do Filho de Deus
será uma manjedoura, cocho de comida dos animais...
Será que não encontramos outras famílias nessas condições, guardadas as
proporções? Onde está o aniversariante? Jesus – Luz da Luz, é a luz
principal da decoração natalina? Será que a figura do papai Noel – da
tradição de um bispo católico dos primeiros séculos –, não toma o lugar
do aniversariante? Será que o consumismo não ocupa o espaço da
solidariedade?
Reflitamos e não hesitemos em colocar o verdadeiro aniversariante, Jesus, no centro do Natal!
(*) José Luís Lira é
advogado e professor do curso de Direito da Universidade Vale do
Acaraú–UVA, de Sobral (CE). Doutor em Direito e Mestre em Direito
Constitucional pela Universidade Nacional de Lomas de Zamora (Argentina)
e Pós-Doutor em Direito pela Universidade de Messina (Itália). É
Jornalista profissional. Historiador e memorialista com mais de vinte
livros publicados. Pertence a diversas entidades científicas e culturais
brasileiras.
O natal está se aproximando. Aproveito para agradecer a sua colaboração com o Blog e com os leitores. Ao tempo em que desejo um ano novo de muita paz e felicidades para você e toda sua familia. Deus abençoe a todos.
ResponderExcluir