Páginas


"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


domingo, 22 de março de 2020

TREINOS FECHADOS E O BLÁ BLÁ BLÁ DAS COLETIVAS - Por Wilton Bezerra.




O ambiente do futebol já foi lugar de uma amigável convivência e oportunidade para conhecer o esporte rei em suas entranhas.
Hoje, os inacessíveis treinadores, jogadores e burocratas trabalham de portas fechadas, dificultando a missão de quem pretende enriquecer a reportagem esportiva, trazendo fatos que possam ir além das indefectíveis entrevistas coletivas.
Sempre achamos que o excesso cometido em coberturas esportivas precisava de uma disciplina, em favor de uma obrigatória organização.
Mas, isso não tem nada a ver com o isolamento, cada vez mais acentuado entre a reportagem, os técnicos e os jogadores, matérias primas indispensáveis para uma completa cobertura.
As novas gerações de cronistas e torcedores, como em qualquer tempo, estão ávidas por conhecer em profundidade a modalidade esportiva que amam, admiram.
As equipes treinam em locais fechados como a esconder fórmulas novas e mágicas, que serão aplicadas nos jogos. É compreensível, até certo ponto.
Pós-treinos produzem a escolha de determinados jogadores para entrevistas, onde se assiste um show de obviedades.
Mais irritante no pós-jogo, quando as perguntas são protocolares, para respostas mais protocolares ainda.
É possível se ter uma morte cerebral momentânea, com o desconforto produzido por tais narrativas.
O pior é quando o jogo mostra uma coisa e os entrevistados trazem uma narrativa inteiramente diferente, numa forma de explicar o que não aconteceu.
Quando a bola rola, se assiste o mais do mesmo, raras jogadas ensaiadas em cobrança de escanteios e faltas, circulação de bola analógica em tempos do digital e nada de novidade dos misteriosos treinos de portões fechados.
Há duas semanas, um jogador do futebol paulista foi instado por um repórter sobre a ausência de bons cobradores de falta no futebol brasileiro.
Certamente, não advertido pela comunicação do clube de que a verdade deve passar longe das respostas, o jogador sapecou: “Porque não existe mais treinamentos para isso, sob a alegação de que as repetidas cobranças podem gerar contusões”.

Esse, nunca mais será escalado para as entrevistas.

Um comentário:

  1. Essas entrevistas, especialmente as dos jogadores me fazem lembrar o jogo Shel e Esporte do Crato. O repórter Mazinho da Radio Araripe, a Pioneira, perguntou ao zagueiro do Esporte : Charuto, o que você achou do jogo? A resposta veio no ato. Um pente, ali quase na marca do penalte.

    Por falar em cobrador de faltas eu li, certa vez, que uns 30 repórteres estrangeiros esperavam para entrevistar Pelé depois de um treino na Vila Belmiro. Ele demorou muito, enquanto os demais jogadores saíram todos do campo.

    Pelé estava com um rede na frente da baliza treinando a cobrança de faltas de diversas posições e ângulos.

    Nunca vi assemelhado melhor dessas entrevistas do que no programa nas "Garras da patrulha".

    Ali sim merece aplauso.

    ResponderExcluir