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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quarta-feira, 10 de agosto de 2022

Adelina, a charuteira que atuava como 'espiã' - Postagem de Antônio Morais.


Filha bastarda e escrava do próprio pai, Adelina passou a vender charutos que ele produzia nas ruas e estabelecimentos comerciais de São Luís (MA). Suas datas de nascimento e morte não são conhecidas. Seu sobrenome, também não.

Como escrava criada na casa grande, Adelina aprendeu a ler e escrever. Trabalhando nas ruas, assistia a discursos de abolicionistas e decidiu se envolver na causa.

Como não há registros fotográficos de Adelina, a charuteira, ilustração foi baseada em fotografias de escravas minas que viviam no Maranhão na época.

De acordo com o Dicionário da Escravidão Negra no Brasil, de Clóvis Moura (Edusp), Adelina enviava à associação Clube dos Mortos - que escondia escravos e promovia sua fuga - informações que conseguia sobre ações policiais e estratégias dos escravistas.

Aos 17 anos, Adelina seria alforriada, segundo a promessa que seu senhor fez a sua mãe. Mas, segundo o Dicionário, isso não aconteceu.

4 comentários:

  1. Assim terminamos as seis postagens anunciadas. Pessoas que tiveram participação efetiva no trabalho para libertar os escravos.

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  2. Adelina nasceu em São Luís no Maranhão, por volta do século XIX, e era escravizada, assim como sua mãe, que era conhecida como “Boca da Noite”. Seu pai era um rico senhor e sendo filha dele recebeu a promessa de ser libertada ao fazer 17 anos, promessa que não foi cumprida e Adelina continuou sendo escrava de seu próprio pai. Apesar disso, ela sabia ler e escrever, o que era incomum.

    O pai dela empobreceu e passou a fabricar charutos e a partir daí Adelina passou a ser a encarregada das vendas. Duas vezes ao dia, ela ia para cidade e passava de bar em bar vendendo vários charutos, além de vender também para quem passava. Os estudantes do Liceu eram seus clientes e, por isso, ela sempre passava no Largo do Carmo e assistia a comícios abolicionistas promovidos pelos estudantes. A partir daí, ela passou a ser uma frequentadora assídua de manifestações em prol da abolição da escravatura.

    O conhecimento de Adelina sobre a cidade, sua facilidade de transitar por ela e sua rede de relações conquistada através da venda de charutos foi um trunfo para a luta abolicionista. Afinal, isso possibilitava que os ativistas antecipassem ações da polícia com a ajuda das informações que ela coletava e seu conhecimento sobre as ruas da cidade ajudava na articulação de fugas de escravos. Adelina se envolveu diretamente em algumas fugas, entre elas, a da Esperança, que fugiu para o Ceará.

    Adelina é um nome pouco conhecido, mas ela não deixa de ser notável por isso. Ela é mais uma mulher negra que lutou contra a escravidão e que teve seu nome invisibilizado na história por causa do machismo e do racismo.

    Fonte: Dicionário das Mulheres do Brasil – de 1500 até a atualidade, biográfico e ilustrado. Organizado por Schuma Schumaher e Érico Vital Brazil.

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  3. Morais:
    Considerei muito oportuno essas postagens que você fez resgatando a vida de abolicionistas brasileiros, hoje desconhecidos pela população.
    Por sugestão da Princesa Isabel, a flor Camélia passou a ser o símbolo da luta pela libertação dos escravos. Hoje existe, na zona sul do Rio de Janeiro, resquícios de um quilombo, onde a Princesa Isabel acolhia escravos fugidos, já que seu palácio não tinha mais onde esconder negros fugitivos dos mal tratos, que ali encontravam a esperança de liberdade.
    Infelizmente, os professores de História, das escolas públicas, não divulgam esses fatos, preferindo “ideologizar” o ensino com ideias comuno-lulo-petistas....

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  4. Prezado Armando Rafael - No ultimo plebiscito sobre o regime de governo : Monarquia ou Republica eu me assustei quando vi Milton Gonçalves, um negro fazendo a propaganda anti-monarquia e em favor da república. A principal causa da queda da monarquia foi a libertação dos escravos como um pertencente a raça negra, principal beneficiada pode se opor.

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