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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


sexta-feira, 19 de junho de 2020

ARROUBOS - Por Wilton Bezerra, comentarista generalista.


O ser humano, quando é novo, grande e besta, tem a presunção de mudar o mundo que ele começou a conhecer.
Mal chega e já fica botando defeito em tudo.
Além do quê imagina que o mundo passou a existir a partir do seu nascimento. Antes, não existia nada, nem o Fla X Flu.
Por essa e outras, o passado não é cultuado, o antigo não vale um Cibazol. Visto como “coisa de museu”.
Daí, é um pulo para os movimentos contra o que está estabelecido, tudo é taxado de careta e outras abominações.
O viés político juvenil clama por posições rotuladas esquerdizantes naquela máxima: “Quem não é de esquerda, antes dos 30, não tem coração. Quem não é de direita depois dos 30, não tem cabeça”.
Eu, na minha juventude sem atitudes ditas “revolucionárias” no comportamento, considerado “quadradinho”, fiquei na geral (onde não se vê, mas se sente o jogo) como ponto de observação.
Pouco tempo depois, a gente vai entendendo que o homem sem ilusão (muito mais forte do que a realidade) não adiciona sentido algum à vida.
Numa resenha literária, “tomei conhecimento” de que Jean Paul Sartre disse, ao se dar conta do absurdo da vida, que devemos resistir a isso e procurar viver como se a vida tivesse sentido.
A morte mostra que a vida é uma piada.
Mas, retomando a conversa, na procissão da vida, vamos entendendo que, para mudar o mundo, temos que mudar a nós próprios.
Sem isso, não dá para acreditar que uma pandemia, por pior que seja, se torna razão para se ter um reencantamento do mundo, depois dela.
O tempo vai mostrando que não se muda o mundo somente com as armas do nosso abuso e utopia.
As demandas são outras; a natureza é sábia, mas os homens são sabidos e a parada é enjoada.
Ao se tentar fazer depurações, vamos sendo convencidos de que não é tarefa fácil tirar os vícios que o mundo carrega.
Na medida em que nos distanciamos de coisas essenciais (como a cooperação entre os viventes), concluímos que para mudar o mundo a situação é mais complexa do que imagina a nossa vã “besterologia”.

Um comentário:

  1. Na minha singeleza e modesta opinião a pandemia não fará o ser humano se tornar melhor. A prepotência, o orgulho e a arrogância não fizeram as pessoas observarem que tudo termina debaixo de uma pedra fria com as indefectíveis palavras : Aqui jaz.

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