Constantemente somos instados a fazer comparações do futebol de ontem com o que é praticado hoje.
Engano imaginar que o tema tenha se esgotado, de tão repetido que é nas mesas redondas do rádio e TV.
Se a repetição é mais importante do que a explicação inicial, vamos lá.
Me perguntam se o futebol ficou mais difícil de ser jogado.
Digo que sim, e explico.
O eixo de toda mudança que o futebol sofreu está na velocidade.
Isso se deu em função da melhora da saúde e da evolução da preparação física.
O jogador foi transformado em atleta.
Com isso, o jogo ficou mais rápido e os espaços em campo diminuíram.
Até quem era lento ganhou velocidade.
De quatro quilômetros antes percorridos por partida, o jogador, hoje, supera a marca de dez por jogo.
Fica a impressão de que os campos diminuíram suas medidas.
Antes, o jogador tinha tempo para pensar e executar uma jogada.
Hoje, a grande sacada é pensar e agir com rapidez.
A individualidade, como única solução, perdeu muito espaço para as soluções táticas e coletivas.
A obsessão de Pep Guardiola pela posse de bola mudou o futebol.
Mas, a grande revolução foi mesmo a Seleção da Holanda, de Rinus Michels e Johan Cruyff, de 1974.
Se me perguntam se o futebol ficou pior, digo que tudo depende da qualidade dos times.
Bons e maus jogadores existiram ontem e continuam a existir hoje.
É possível, sim, apreciar um bom jogo de futebol, onde prevaleçam a velocidade e o protagonismo coletivo.
Agora, quem vai dar sempre a assinatura final da obra é o craque.
Quem conheceu o caráter de Gilmar, Nilton Santos, Mauro Ramos de Oliveira, Zito, Pelé e tantos outros sabe que além do futebol falta muito para essa meninada sem formação atual chegar lá.
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