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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quinta-feira, 27 de abril de 2023

Lula e o PCC sonham juntos - Por Augusto Nunes.

O presidente que enxergou uma “armação do Moro” no plano frustrado pela PF merece virar testemunha de defesa dos criminosos.

À vontade como um Dilma Rousseff cercada por Erenices e Kátias, o presidente Lula guilhotinava plurais na entrevista concedida a jornalistas domesticados quando a conversa enveredou pelos 580 dias na gaiola em Curitiba. 

Depois de reafirmar que todas as acusações foram feitas por delatores intimidados por integrantes da Operação Lava Jato, confessou que a temporada na prisão o transformara num pote até aqui de mágoa: “De vez em quando, ia um procurador, entrava lá num sábado, dia de semana, para perguntar se estava tudo bem”, disse Lula. 

“Entravam três ou quatro procuradores e perguntavam: ‘Está tudo bem?’. Ele dizia que não: só se sentiria em paz depois do acerto de contas que ainda não chegou. 

“Só vai estar tudo bem quando eu foder esse Moro. E eu estou aqui para me vingar dessa gente.”

“Quando Lula fala, o mundo se ilumina”, garantiu em 2004 Marilena Chauí. Fora a curandeira da seita que tem num gatuno semianalfabeto seu único deus, ninguém jamais viu a voz roufenha gerando mais energia do que mil Itaipus. 

Quando o palanque ambulante agarra um microfone, o que se vê são fenômenos bem diferentes. Plurais saem em desabalada carreira, a gramática se refugia na Embaixada de Portugal, a regência verbal se esconde em velhos dicionários, o raciocínio lógico providencia um copo de estricnina (sem gelo) e os pronomes se preparam para resistir a outra sessão de tortura. 

Neste 21 de março, uma terça-feira, o elogio do rancor reduziria a destroços a “impressionante intuição” celebrada pelo falecido Antonio Cândido. Quando dava aulas na USP, o respeitado intelectual não perdoava o mais inofensivo cacófato. 

Convertido em militante do PT, pariu a tese segundo a qual, em matéria de política e eleição, Lula não precisou estudar nada porque já nascera sabendo tudo.

A senha para a derrapagem do trapalhão fantasiado de doutor honoris causa foi uma frase do dono do site 247 (pode chamar de 171 que ele atende). 

“A prisão foi mais que um ataque ao senhor, foi um ataque ao Brasil”, caprichou na sabujice o entrevistador-chefe. Com a polidez que Lula atirou ao lixo antes mesmo de aprender a falar, 

Moro repreendeu a repulsiva cafajestagem, recomendou mais compostura ao grosseirão juramentado e fez o alerta: o que dissera o presidente poderia estimular ações violentas contra o ex-juiz e seus parentes. 

De novo, o consórcio da imprensa recorreu a artifícios gráficos e verbos menos chulos para abrandar o palavrório de bordel. 

Alguns redatores recorreram a reticências: o presidente só quis f… o senador paranaense. 

Em outros, pretendeu apenas “ferrar” o desafeto. Como o vídeo escapou de truques pudicos, a viagem à beira do penhasco, contemplada com sorrisos cúmplices pelos parças da imprensa, pode ser vista em toda a sua abjeta inteireza. 

Fora um tremendo tiro no pé.

2 comentários:

  1. Augusto Nunes é uma exceção nesta imprensa subserviente e vendido do Brasil. Jornalista independente, corajoso e destemido.

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  2. “Normalizar a corrupção nunca será solução”, diz deputado português em protesto contra Lula -
    O deputado André Ventura.

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