Era um ano de copioso inverno. O Bispo havia transferido o padre de uma paróquia para outra.
A saída da cidade tinha que ser feita atravessando obrigatoriamente o leito de um rio, que ao pé do subúrbio, e nesse dia o rio estava cheio, transbordando.
O padre chega a margem do rio e entrega duas malas ao caboclo, dono de uma balsa de paus flutuantes com que explorava o comercio do transporte de pessoas e de cargas para a outra margem.
Entrega as malas e vai dizendo: essa mala aqui é da igreja, ela conduz coisas sagradas: O cálice, a âmbula, as hóstias, as galhetas de vinho, paramentos, opas, quadros e estatuetas de santos, tenha todo cuidado com ela.
Essa outra é a mala que leva apenas minhas roupas, e meu dinheirinho.
O caboclo lança-se sobre o dorso dos vagalhões das águas barrentas guiando a frágil embarcação. Poucos minutos depois, lá do meio do rio, grita o caboclo: seu Padre, o peso é demais.
A balsa vai virar, é preciso empurrar dentro do rio uma das malas, qual é a que eu salvo?
Ao que o padre aflito em desespero, respondeu: salve a do dinheiro! E o poeta ironizou:
Salve a mala do dinheiro!
Deixe a do santo afogada!
Com dinheiro eu compro santo!
Com o santo eu não compro nada!.
Com igrejas mercenárias eu acabo concordando com o poeta.
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