"Os lugares são as pessoas". Também, acho.
Mas, nos meus sonhos, os lugares têm assumido o pódio mais do que as pessoas.
Diga-se lugares do Crato, onde passei maior parte de minha infância.
Esse sonhar funciona como uma espécie de "regressão voluntária" aos bons tempos da meninice e adolescência.
Quando revisito a quadra Bicentenário, vem a lembrança de que o lugar já abrigou o Parque Municipal.
A precária quadra de futebol de salão existente se resumia a um espaço de piso de cimento vermelho.
Como não sonhar com as idas à Rádio Educadora para curiar, pelas janelas abertas, o trabalho de locutores e controlistas. Foi lá que comecei a trabalhar em rádio.
E tinha no itinerário olhar de perto os cartazes de filmes do Cine Educadora.
No local, hoje, funciona a Faculdade de Medicina.
Impossível não fazer essa "regressão" aos campos de futebol do Cariri e do Esporte, a Praça Francisco Sá e o Bar Social, de seu Chiquinho, dirigido por Geraldo e Chico Alberto.
O entorno desse bar era o ponto de encontro da meninada.
A Praça Siqueira Campos tem posição destacada nas lembranças a que os sonhos nos remetem.
Nem preciso dormir e sonhar para sentir a recordação mais forte: a Praça da Sé, nas festas da Padroeira.
O parque de diversões Maia, o fundo musical de sua amplificadora, com locutor de voz impostada nos recados musicais inesquecíveis. A felicidade estava no ar.
Finalmente, a estação da RFFSA, com sua bela arquitetura, um lugar habitado.
Esses sonhos me fazem um bem danado. São viagens no tempo. Os lugares continuam intactos nas minhas retinas.
Prezado Wilton Bezerra, sua memória prodigiosa e seletiva fez um passeio que também foi o meu e de muita gente. O Parque Maia, a roda gigante instalada entre os oitizeiros frondosos da Praça da Sé o locutor anunciando : "Esta música vai de um alguém para outro alguém que muito ama". O que parecia ser um enígma era muito bem compreendido pelo remetente e pelo destinatário.
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