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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


segunda-feira, 21 de agosto de 2023

SUMIÇO DA CRÔNICA - Por Wilton Bezerra, comentarista generalista.

Para você leitor que busca impaciente a distração mais fácil, o prazer imediato e garantido: a crônica está morrendo.

Dá sinais de que vai sumindo pela incapacidade de seduzir algoritmos, diante de assuntos mais urgentes, de matérias que dão “cliques”. Se tornando irrelevante entre palavras que o momento julga imprescindíveis.

A crônica, dentro da sua simplicidade, sempre foi literatura, embora muitos lhe negassem essa posição.

Desprovida de ambições e cobiças, a crônica vai nos deixando, sem alardes.

Na sua face cotidiana, definha e nos deixa reféns dos assuntos sérios e dos risos histriônicos.

Nada mais faço nesse espaço do que reproduzir o sentimento do colunista do Uol Julián Fuks, que anuncia o fim silencioso e tímido desse gênero literário.

Segundo ele, a crônica já não sabe existir nesse Mundo alucinado que não alucina. Seu tempo é outro.

Concordo, em parte, com as conclusões a que chegou o Fuks. Afinal, assistimos o triunfo dos idiotas.

Entanto, discordo que a crônica vá desaparecer. Pode ter perdido parte do prestígio que sempre ostentou. Sumir, jamais.

Do meu cantinho, prometo que não vou entregar os pontos.

Não chorem, ainda não, pois tenho impressão de que mais uma crônica vai sair.

Um comentário:

  1. Prezado amigo Wilton Bezerra - Vivemos em um mundo que o funeral vale mais do que o morto, o casamento vale mais do que o amor e o físico vale mais do que o intelecto.

    Vivemos na cultura da embalagem, que despreza o conteúdo.

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