Páginas


"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quinta-feira, 9 de novembro de 2023

IDEIAS DISSONANTES - Por Wilton Bezerra, comentarista generalista.


Quando Armando Nogueira falava maravilhas da seleção da Hungria, de 1954, Nelson Rodrigues, seu amigo, ironizava.

Dizem que essa seleção do notável jogador Puskas foi a avó do Carrossel Holandês. Era um tempo de futebol pelo rádio.

Para Nelson, só existia o futebol brasileiro, a nossa seleção, a "pátria de chuteiras". E achava que Armando exagerava quanto à Hungria.

Soube que, em determinado momento, o grande jornalista se aborreceu com isso.

Há bastante tempo, esse locutor que vos fala ouvia e lia sobre o treinador Fernando Diniz e suas ideias dissonantes do que se praticava no futebol brasileiro.

Diziam: "Ora, são experiências táticas diferentes, só possíveis em times pequenos". De fato, dirigente de time grande não quer saber de inovações, só deseja imediato resultado.

E Fernando Diniz foi perdendo, mais do que ganhando, abraçado às suas convicções.

O “dinizismo” foi criado em torno do seu nome, com grande carga de ironia. Como se fosse uma forma experimental de jogar, inventada por um "Professor Pardal".

Chegou à seleção brasileira que, nos jogos sob a sua direção, não tem nenhuma marca do seu trabalho, por falta de tempo.

Agora, misturando jogadores velhos, novos e muitos de categoria mediana, mas devotados aos seus métodos, Fernando Diniz acaba de ganhar o título da Libertadores.

Assim, da mesma forma que "a seleção húngara de Armando Nogueira", segundo Nelson Rodrigues, o Fluminense de Fernando Diniz é uma realidade palpável.

Já estão implorando até pela publicação rápida de um livro sobre Diniz e suas ideias inovadoras.

Que coisa!

Um comentário:

  1. Uma crônica escrita por um cobra, escrevendo por outros dois cobras. Deixa a gente sem palavras, sem comentários. Parabéns.

    ResponderExcluir