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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


sexta-feira, 6 de setembro de 2024

A pálida homenagem que Crato prestou ao Imperador Dom Pedro I – por Armando Lopes Rafael (*)

   Existe no conjunto de casas populares do Mutirão – pequeno bairro localizado na periferia de Crato, próximo ao Alto da Penha –   uma pequena rua denominada Imperador Dom Pedro I. Essa justa denominação deveu-se a um projeto do então vereador Emerson Monteiro, aprovado em 1992, atendendo aos pedidos de monarquistas cratenses feitos aquele edil. Homenagem pálida, humilde mesmo. Mas, pelo menos, sanou a lacuna – ainda hoje existente – da ausência de uma rua ou avenida, em Crato, denominada, para citar um único exemplo, de  Princesa Isabel, A Redentora da raça negra.



Imperador Dom Pedro I

   Neste 7 de setembro de 2024, completam-se 202 anos da gesta de Dom Pedro I, declarando o Brasil independente de Portugal. Quem foi o Imperador Dom Pedro I? Na opinião de João de Scantiburgo, ele foi “O maior clarão do Novo Mundo” Já o historiador Pedro Calmon escreveu: (Dom Pedro I foi) “O maior príncipe do mundo no século XIX”. São opiniões modestas sobre o nosso primeiro imperador, um jovem que, aos 24 anos de idade, garantiu lugar na história universal como o homem que fez a Independência do Brasil.


   Pedro I não era obcecado por posições elevadas ou vaidades pessoais. Por sete vezes recusou outras coroas que lhe foram oferecidas por três países: Grécia (1822 e 1830);Portugal (1826 e 1834) e Espanha (1826, 1829 e 1830). Nessas ocasiões optou por continuar no que ele chamava “Meu amado Brasil” ... Na vida privada, Dom Pedro I foi militar autodidata, poeta, músico, jornalista, geopolítico, abolicionista, liberal, legislador, marceneiro, domador de cavalos... um espírito versátil e intuitivo, leal aos amigos, franco e sincero para com todos. Hoje, alguns historiadores só escrevem  sobre as “conquistas amorosas” do nosso primeiro imperador. Como se isso fosse um desdouro para um homem viril, do porte de um Dom Pedro de Alcântara.


    Deve-se a Dom Pedro I, dentre tantas e tantas coisas (que ainda hoje marcam nossa pátria) a autoria do Hino da Independênciaa escolha das cores e o desenho da Bandeira do Brasil Império. A atual bandeira republicana (com algumas medíocres adaptações), é a mesma do tempo da monarquia. Os golpistas de 15 de novembro de 1889, ao imporem – sem consulta popular – a "forma republicana"  ao Brasil, fizeram circular a “Fake News", de que o verde da nossa bandeira “representava nossas matas”. E o amarelo “significava o nosso ouro” ... me engana que eu gosto!


   As cores nacionais sempre significaram, desde 1822:  o verde da Casa de Bragança (de onde provinha Dom Pedro I) e o amarelo era a cor da casa de Habsburgo (de onde vinha a da Imperatriz Leopoldina). Dom Pedro ainda nos legou a Constituição de 1824 (a que mais durou – foram 67 anos de vigência – dentre as 7 constituições que já tivemos... 6 delas frutos das crises republicanas. Dom Pedro I criou o nosso Exército e a nossa Marinha.  Mas a principal herança que ele nos legou foi a integridade do território brasileiro, a quarta maior nação em extensão territorial no mundo. Não fosse Dom Pedro I, o Brasil teria se fragmentado em dezenas de republiquetas insignificantes como ocorreu na América Central.

 

   Sobre a Constituição Imperial de 1824 os mais desavisados dizem que ela foi “outorgada”. Desconhecem que a mesma foi submetida à aprovação de todas as Câmaras Municipais do Brasil (naquele tempo as Câmaras de Vereadores exerciam forte poder no nosso país) incluindo a Câmara de Crato, cidade que – graças ao vereador Emerson Monteiro – denominou de “Imperador Dom Pedro I” uma rua, no arrabalde denominado Mutirão (antigo Cafundó) nesta Mui Nobre e Heráldica Cidade de Frei Carlos Maria de Ferrara.

 


(*) Armando Lopes Rafael, historiador.

2 comentários:

  1. Não me admiro se aparecer um palhaço destes que hoje está por cima da carniça, com um projeto novo para mudar.

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  2. Fico a imaginar, com intenso pesar, no quão diferente a nossa nação seria hoje, se a Monarquia tivesse perdurado. Mas o que mais me dói é ver o quão distante esse sonho (de um dia voltarmos a o ser) se torna diante da sociedade corrupta e mesquinha na qual infelizmente vivemos. Belo texto, tio. Roquemos a Nosso Senhor e Nossa Senhora pelas causas mais urgentes de nosso país.

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