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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quinta-feira, 10 de outubro de 2024

Fatos da História do Crato: Como surgiu a famosa “Lei de Chico Brito” – por Armando Lopes Rafael (*)

Coronel Francisco José de Brito
   

   Entre 1896-1912 – durante 16 anos – governou o Ceará a oligarquia dos Accioly. Vem de longe, como se observa, a tradição de “famílias importantes” dominarem o poder político no Ceará. Era “Intendente” de Crato, àquela época, o Cel. Antônio Luiz Alves Pequeno, fiel ao clã Accioly. 

(Explicando para as novas gerações: “Intendente” era como se chamava, no início dos conturbados tempos republicanos, o atual cargo de “Prefeito Municipal”). Diga-se de passagem, que a política desta República ainda continua conturbada...

.    Voltemos ao assunto principal desta matéria. Derrubado o Governo da oligarquia dos Accioly, assumiu o comando do Ceará o Cel. Franco Rabelo. Este, nomeou como novo “Intendente” de Crato seu aliado político, o Cel. Francisco José de Brito.

     O antigo intendente, Cel. Antônio Luiz Alves Pequeno, não quis entregar o cargo ao seu substituto, Cel. Francisco José de Brito. Este, um homem sagaz e astuto, foi ao Lameiro (àquela época um sítio distante do centro de Crato; hoje um bairro da cidade) e trouxe até a Praça da Sé um grupo de amigos.  Todos foram para  o prédio da Intendência,um edifício histórico que abrigou até 14 anos atrás os dois museus da cidade, hoje fechados, enquanto o prédio ameaça desabar...

   Encontrando a Intendência fechada, Chico de Brito arrombou a porta e sentou-se na cadeira do intendente anterior. Nisto apareceu o Dr. Irineu Pinheiro, sobrinho do Cel. Antônio Luiz. Irineu Pinheiro (que depois seria reconhecido um dos melhores historiadores do Cariri) ficou revoltado com o que viu e perguntou ao Cel. Francisco José de Brito:

– “Mas que lei é essa na qual o Sr. se arrima para assumir a Intendência”?
     O Cel. Chico de Brito, tranquilamente olhou para o Dr. Irineu e sentenciou:
– “É a “Lei de Chico Brito”! Esta lei eu mesmo fiz. E estamos conversados”.

(*) Armando Lopes Rafael é historiador

Um comentário:

  1. Prezado Armando Rafael. Parte final do cordel do Eloi Teles de Morais a respeito do fato.
    Espalhou-se na cidade
    E noutras do Cariri
    E também pelo nordeste
    O que se passou aqui
    E foi assim um agito
    A lei de Chico de Brito
    Fez historia no porvir

    Ao chegar em Fortaleza
    A noticia do conflito
    Coronel Franco Rabelo
    Mesmo estando um pouco aflito
    Com aquele grande ato
    Aprovou nascer no Crato
    A lei de Chico de Brito

    E mandou logo emissário
    Com força policial
    Para dar a cobertura
    Ao seu prefeito legal
    E a instrução foi cumprida
    O Crato mudou de vida
    No passo municipal

    Hoje quando se discute
    Olha você tá errado
    E que lei é essa sua
    Que só beneficia um lado
    O cabra diz esquisito
    É a lei de Chico de Brito
    E eu falei tá falado

    Olha, isso não tá certo
    Não entendi isso não
    Isso tá fora da regar
    E tá fora da razão
    E o cabra dá um grito
    É a lei de Chico de Brito
    E está finda a questão

    Não sabia o Coronel
    Que aquele seu aparato
    Ia ficar na historia
    Como um marcante fato
    Hoje é comum este dito
    É a lei de Chico de Brito
    É a historia do Crato

    Assim o Chico de Brito
    Participa da historia
    Uma cidade se faz
    Resgatando sua memoria
    Seja dentro da razão
    Ou na marra como então
    Tudo é gloria, tudo é gloria

    E no meu próximo cordel
    Mais alegre e mais feliz
    Eu vou contar como foi
    Em relatos bem sutis
    De Chico de Brito a queda
    Pagou na mesma moeda
    O que fez com Antônio Luiz.

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