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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


domingo, 13 de novembro de 2022

Capitão Lampião - Alberto S. Galeno.


Cangaço e folclore, Lampião transformado em defensor da legalidade, é recebido como hospede do prefeito de Jardim. Os habitantes da cidade de Jardim despertaram naquela noite de Janeiro de 1926 sob o impacto de inesperado espetáculo folclórico. Eram toques de harmônicas que ecoavam vindos do patamar da igreja, seguidos do arrastar de pés que dançavam o xaxado e de vozes selvagens cantando a Mulher Rendeira, toada muito do agrado dos sertanejos. 

O Juiz da Comarca abriu a janela e olhou para ver do que se tratava. Em frente, a casa do prefeito estava aberta, assim como o prédio da prefeitura, aberto e bem iluminado. E, dentro e fora a algazarra de pessoas em movimento. 

O Juiz chamou uma das empregadas e mandou saber do Prefeito o que estava acontecendo na cidade. Diga ao Doutor, respondeu o Coronel Daudet que é Lampião que se encontra entre nós. Mas, que não tenha receio porque ele vem em missão de paz. 

 Vai ao Juazeiro, a chamado do Doutor Floro, defender o governo, dos revoltosos. E continuou sentado como estava no sofá, tendo de um lado Lampião, e do outro Bom Devéras, o lugar-tenente do chefe bandoleiro. O espetáculo prosseguiu em meio da maior animação, agora engrossado pelos curiosos que tinham vindo ver de perto os cangaceiros a cantar e a dançar xaxado. No dia seguinte Virgulino Ferreira, o Lampião, reunia o seu bando formado de mais de 50 cangaceiros e desfilava na praça principal de jardim, ante os olhares surpresos da população, rumo a Juazeiro do Padre Cícero. Antes, dera esmola aos mendigos, enquanto seus cabras faziam compras no comercio. 

Na Meca do Padre Cícero Lampião seria contemplado com a patente de Capitão Honorário do Exercito Brasileiro, engendrado por um funcionário do Ministério da Agricultura, a mando do Patriarca. Deram o que ele mais ambicionava: armas novas e farta munição. Agora bem armado, bem municiado, e ainda com as honras de oficial do Exercito. Lampião buscou sombra e água fresca. Encontrou-se com seus cabras nas propriedades de seus antigos coiteiros, prontos para defendê-los de eventuais perigos. Que outros que não eles fossem para Campos Sales barrar a marcha da Coluna Prestes. Um ano depois a cidade de Jardim pegava em armas para defender-se de Lampião e do seu bando. 

O cangaceiro havia aprisionado em cima da serra do Araripe o filho de um fazendeiro, proprietário no município, exigindo um resgate de cinco contos de reis, e como este não foi pago, não teve duvida em fuzilar o rapaz. Agora era, “persona non grata”, detestado por uns, temido por todos.

7 comentários:

  1. O funcionario do Ministerio da Agricultura Pedro Uchoa, ao retornar para Fortaleza depois de assinar o documento que concedia a patente de Capitão para Lampião, redigido a mando do Padre Cicero, ao ser questionado por que dera o titulo de capitão foi bem pratico: concedi de Capitão porque ele não me pediu de Coronel.

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  2. A história de Lampião não para de ser entoada nos ouvidos dos nordestinos....Curioso como ele passa de herói para bandido...Gosto muito dos causos do mesmo, tenho minha opinião formada sobre o grande cangaceiro..Mas é tentador querer saber mais sobre as inúmeras passagens do mesmo pelo nordeste....Ele sem dúvida alguma, teve sua importância na nossa história, pois mesmo tendo maltratado ospequenos camponeses, usou tambem sua ira, contra aqueles que maltratavam "de forma diferente" o humilde povo nordestino.Bom ou Ruim mas a arrogancia de fazendeiros e políticos dobraram-se as armas do fascinoras.

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  3. Lampião passou em Ipueiras, hoje Serrita, onde o Coronel Pedro Xavier era muito respeitado. Recebeu uma reprimenda do Cel: Não venha mais a Ipueiras disse Pedro Xavier. Lampião reagiu: Em Ipueiras respeitei voce e o seu povo. Agora com esse seu proposito se prepare que vai ter choro. O Cel Pedro Xavier se preparou e houve o tão esperado encontro:

    Cangaceiros fazem o cerco,
    Tendo na frente o Tempero
    Todo Clã dos Xaver
    Sem demonstar desespero
    Portou-se na defensiva
    E começou o entrevero.

    O filho do Coronel.
    Conhecido por Dezinho
    Viu quando o cabra avançava
    O tal Tempero mesquinho
    E deu-lhe um tiro na testa
    Que ele morreu no caminho.

    Lampião fugiu deixando Tempero no chão.

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  4. Sou dos clãs do Xavier. Essa história está contada em jornais da época e tem um livro da familia que também conta. Podem visitar Serrita e conhecer nosso museu familiar. Ainda há uma história que pouca gente sabe, meu Tio-Bisavó Dezinho, que matou o segurança pessoal de Lampião, ao casar, deu a primeira sanfona de LUIZ GONZAGA. Aproveitando o presente, o mestre Lula cantou na festa a noite toda. Ahhh se eu fosse dessa época.

    Gostei do Blog.

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  5. Obrigado por visitar o nosso blog. Seu comentario enriqueceu a postagem. Li um pouco sobre Dezinho Xavier no Livro do Osvaldo Alves de Souza e agora sabendo que ele contribuiu com Luiz Gonzaga para levar alegria ao povo nordestino me tornei mais fã ainda dele.

    Continui visitando o Blog e trazendo sua colaboração.
    Abraços.

    A. Morais

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  6. Na minha juventude passei momentos felizes na vila de Ipueiras em Serrita-Pe. A minha tia Maria Xavier, sempre falava com muito orgulho de ter expulsado com familiares o famigerado Lampião e seu bando da vila de Ipueiras. Adeus Ipueiras de são José e de Maria Xavier Antônio Epitacio Grangeiro Xavier. antoniochurros@hotmail.com

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  7. Já li muito sobre Lampião e nada encontrei que se aproveite. Se encontrou guarida é porque os iguais se atraem.

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