Ultimato ao prefeito.
Em passagem Oiticica, o prisioneiro Azarias Januário deparou-se com o velho conhecido, Pedro José da Silveira, em idêntica situação. Narrou-lhe o apuro em que se encontrava, sem portador para o resgate. Diante do impasse do amigo, Pedro entendeu-se com Virgulino, empenhando a palavra que regressaria com os sete contos de reis estipulados a ambos, caso fosse à cidade. Dessa vez, o bandido aquiesceu, porem mandou-o esperar. Entrou na casa de Miguel Santino. Voltou-se para o Coronel Gurgel e indagou-lhe de chofre: Conhece o chefe político de Mossoró, o Coronel Rodolfo Fernandes? Sim, conheço. Virgulino resolveu, então, negociar a ameaçar. Conversou com Sabino. E insistiu para Gurgel escrever ao Cel. Rodolfo Fernandes, cobrando quinhentos contos de reis, para poupar a cidade do saque e incêndio. Apenas conheço o Coronel Rodolfo. É provável que ele não se lembre de mim. Nunca me fica bem escrever-lhe. Venha escrever o que eu disser, retrucou Lampião. Sabino retira do bolso uma folha de papel, com o seu timbre numa pagina, e na outra com o do Capitão Virgulino Ferreira, Lampião. Gurgel esclareceu que a exigência era muito pesada, descabida. Lampião reduziu-a para quatrocentos contos. Em nossos dias, a importância equivaleria a dois milhões de reais. Nestes termos o prisioneiro redigiu a carta:
13 de Junho de 1927.
Meu caro Rodolfo Fernandes.
Desde ontem estou aprisionado do Grupo de Lampião, o qual está aqui aquartelado, bem perto da cidade, manda porem, um acordo para não atacar mediante a soma de quatrocentos contos de reis. Posso adiantar sem receio que o grupo é numeroso, cerca de 150 homens bem equipados e municiados a farta. Creio que seria de bom alvitre você mandar um parlamentar até aqui, que me disse o próprio Lampião, seria bem recebido. Para evitar o pânico e derramamento de sangue, penso que o sacrifício compensa. Tanto que ele promete não voltar mais a Mossoró. Diga sem falta ao Jaime que os vinte e um contos que pedir ontem para o meu resgate não chegaram até aqui, e se vieram, o portador se desencontrou, assim peço por vida de Yolanda para mandar o cobre por uma pessoa de muita confiança para salvar a vida do pobre velho. Devo adiantar que todo grupo me tem tratado com muita deferência, mas, eu bem avalio o risco que estou correndo. Creia no meu respeito.
Antônio Gurgel do Amaral.
13 de Junho de 1927.
Meu caro Rodolfo Fernandes.
Desde ontem estou aprisionado do Grupo de Lampião, o qual está aqui aquartelado, bem perto da cidade, manda porem, um acordo para não atacar mediante a soma de quatrocentos contos de reis. Posso adiantar sem receio que o grupo é numeroso, cerca de 150 homens bem equipados e municiados a farta. Creio que seria de bom alvitre você mandar um parlamentar até aqui, que me disse o próprio Lampião, seria bem recebido. Para evitar o pânico e derramamento de sangue, penso que o sacrifício compensa. Tanto que ele promete não voltar mais a Mossoró. Diga sem falta ao Jaime que os vinte e um contos que pedir ontem para o meu resgate não chegaram até aqui, e se vieram, o portador se desencontrou, assim peço por vida de Yolanda para mandar o cobre por uma pessoa de muita confiança para salvar a vida do pobre velho. Devo adiantar que todo grupo me tem tratado com muita deferência, mas, eu bem avalio o risco que estou correndo. Creia no meu respeito.
Antônio Gurgel do Amaral.
Lampião estranha o apelo e pergunta: Quem é Yolanda? É minha netinha. Tem dois anos. A resposta emocionou o facínora. Não a esqueceu. Em seguida, entregou as cartas de Gurgel e Maria José a Pedro, advertindo-o: Vá levar ao prefeito! Volte logo, com a resposta e o dinheiro. Se você não cumprir o trato, acabo com sua família. Toco fogo em tudo, nem galinha deixo na sua fazenda. Emprestou-lhe um cavalo e o despachou.
Raul Fernandes
Amigo Morais,
ResponderExcluirO site do contador parece que teve mesmo algum problema, mas isso não foi só no seu Blog não, foram em todos. O contador do Blog do crato sumiu. Estou aguardando que tudo volte ao normal.
Abraços,
Dihelson Mendonça
Obrigado pela atenção Dihelson.
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