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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Heroi de Guerra - Por Mundim do Vale

Ditador Paraguai Francisco Solano Lopez.

No tempo da segunda guerra mundial, aparecia nos municípios, viaturas do exército para recrutar voluntários. Nossos conterrâneos com receio de servir a pátria e não mais voltarem, procuraram escapar subindo as serras.
Quando falaram para Luís Inácio ( Boca de Fogo ) ele disse que não ia fugir porque tinha como desdobrar a patrulha. Dois dias depois chegou na cidade um caminhão com um oficial, um sargento, um cabo e uma dúzia de soldados. O tenente comandante chegou com uma prancheta na mão e perguntou: Cadê Antônio de Souza Filho? Morreu na sumana passada cagando e vumitando. Cadê Vicente Alexandre? Tá doente de lepra lá na Caiana, que ir buscar ele. E cadê José Soares? Tá preso num quarto lá no Alto da Prefeitura, ele foi mordido de cachorro doido e agora fica mordendo todo mundo. O tenente desistiu e quando ia passando na calçada de uma bodega, Boca de Fogo perguntou: Pra donde vai com a tropa tenente? Eu estou recrutando gente para a guerra, como é o seu nome? Meu nome é Hitler, se meu tenente quiser pode assentar meu nome aí que eu quero matar um magote de judeu. Me empreste logo u m fuzil desses, que eu quero matar Lasdilau Camilo da Vacaria e Pedro Inácio do Saco que é pra eu já ir treinando. O oficial olhou para o sargento e ordenou: Sargento dispense logo esse voluntário, porque se não nós vamos levar um inimigo no lugar de um aliado. Toim do Guarani que gostava muito de aguardente, estava bebendo numa banca quando a tropa ia passando para retornar a Fortaleza. Já puxando fogo Toim Falou: - Ei tenente num vai levando ninguém? Apois eu quero ir pra guerra, quero conhecer as Oropa e quero tombem matar alemão. O oficial se aproximou e perguntou: Como é o seu nome? Meu nome todo é Ontôe Goberto, mas o povo chama eu é de “ Come Onça “ Esse apilido é pruque eu tem custume de tirar couro de onça pintada, ante mermo de matar a bicha. – Pois nós vamos lhe alistar e vamos partir agora mesmo para Fortaleza e de lá pegar o navio para Montese na Itália. O tenente chamou o sargento e ordenou: sargento! Pegue esse voluntário leve para o caminhão, vá dando as instruções, sem esquecer de manter o cantil sempre cheio de cachaça, porque se não, nós vamos chegar no quartel sem nenhum voluntário. Chegando em Fortaleza embarcaram imediatamente. Quando o navio já estava em alto mar, começou a passar o efeito da embriaguez e chegava os sintomas da ressaca. Foi quando Toim chegou para o sargento e perguntou: Adonde é qui eu tou? Pra donde nóis ramo? Pra qui é tanta ispingarda socadeira? Nós vamos para a guerra ? O Senhor se apresentou como voluntário e agora vai lutar. Não Sinhor. Pode mandar o chofé desse negoço dá uma ré pra tráis qui eu num vou não. Mas Seu Antônio esse navio não pode voltar porque ele está em operação de guerra. Apois se então eu vou pular e vortar a nado. Eu tou acustumado a atrevessar o riacho da Furtuna, pruquê qui num posso vortar nadando nessa lagoa. Depois dessa ameaça o sargento mandou amarrar Toim no mastro e foi chamar o tenente. O tenente chegou logo perguntando: O que foi que houve Seu Come Onça? O Senhor disse que queria matar alemão, que tirava couro de onça viva e agora quer afrouxar? Não ome! Essa histora de onça é invenção do povo, eu só mato uns gatim de casa prumode butar o couro im pandeiro. E esse negoço de guerra num dá certo pra eu não. Na hora qui eu vejo uma ispingarda dessas eu me cago todim. Uma hora depois chegou uma mensagem em código Morse, comunicando que a guerra havia acabado. Come Onça retornou a Várzea Alegre com medalha e condecoração de herói de guerra, sem ter pisado em terras italiana.

Mundim do Vale

Um comentário:

  1. Mundim.

    A segunda Guerra Mundial ou a Guerra do Paraguai se dependesse dos caboclos da Varzea-Alegre não teriam existido. Ou terrinha de um povo bom e de paz.

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