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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


domingo, 25 de outubro de 2009

GUERREIRO DO MAR - Por Mundim do Vale

Eu falo a pura verdade
Sou pescador sem engano
De noite estou na cidade
De dia no oceano.
Cumpro bem o meu dever
Nada me faz esquecer
Minha hora de voltar,
A pescaria se encerra
Mas quando eu estou na terra
Sinto saudade do mar.

Não queira saber patrão
Como sofre o jangadeiro
No mar não tem produção
Na terra não tem dinheiro.
Se o patrão quiser um dia
Ir comigo à pescaria
Não precisa se acanhar.
Mas se achar muito ruim
Eu traga um camurupim
Pro doutor apreciar.

Para o mar eu vou com Deus
Minha melhor companhia
Na terra os filhos meus
Deixo com a Virgem Maria.
A mulher fica rezando
Meus filhos ficam brincando
Até a minha chegada.
Na hora que vou descendo
Já vejo eles correndo
Arrodeando a jangada.

Na terra sou homem ordeiro
Tenho bom comportamento
Mas no mar sou um guerreiro
Na busca do alimento.
Minha arma é a jangada
A vitória é a chegada
E o sol é a minha luz.
Eu sei pescar e tratar
Só não sei multiplicar
Do jeito que fez JESUS.
Mundim do Vale

Um comentário:

  1. Mundim bela postagem.
    Houve uma epoca que eu costumava ir com os meninos para Marjorlandia.
    Nunca gostei do mar. A praia me proporcionou duas ocorrencias desasgradaveis e tristes. Mas nos periodos que ficava na praia testemunhei a chegada da jangada: a alegria do pescador, dos filhos e da esposa. A divisão dos peixes, que coisa mais bonita. Eu juntava diversos pescadores e pagava umas carrafas de cana para ouvir as suas historias. Gente simples, humilde, sofrida, mas feliz e boa.
    Parabens pela postagem.

    A. Morais

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