PRIMEIRA PARTE
Lá vem descendo na serra
Em uma estrada, a rodar,
Um feioso caminhão
Quase a se desgovernar
Balançando sem controle,
Que dá medo até de olhar.
Procurando o seu destino,
Mas tentando se esconder,
Numa curva bem fechada
O mau condutor não ver
Grande buraco, escondido,
Já perto do amanhecer.
O impacto, de tão forte,
Faz um caixote cair,
Onde um par de animais
Aproveita pra fugir
Perturbando o traficante,
Que não pensa em desistir.
Esse, bastante zangado,
Cria um plano bem do mal.
Faz, com fojos, armadilhas
Contra o reino animal
Para recapturar
A encomenda ilegal.
Achando, tudo isso, pouco
Ateia fogo e faz guerra
Fazendo com que a fauna
Fuja do meio da serra
Pra, dessa forma, cair
Num fojo, embaixo da terra.
Pixoxó é o filhote
Mais gordinho do roçado
Pois Graminha, a sua mãe,
Dá-lhe o bom leite mamado
Tendo os Porquinhos da Índia
A saúde em bom estado.
No seu novo habitat
Reencontram a natureza
Passeiam por entre as pedras
Encantados com a beleza
E vivendo em liberdade
Dão um basta na tristeza.
Esses porquinhos da índia
São parentes dos preás,
Das cobaias, dos mocós,
E na Índia, não verás.
Mesmo assim, não sendo porcos,
Os seus Cui-Cui, tu ouvirás.
Eles grunhem como porcos
Mas suínos não os são.
São tidos como das Índias
Num erro de navegação:
Quando o espanhol, no Peru,
Fracassou na sua missão.
O Caminho para as Índias
Pelo mar não foi encontrado,
Porém aquele porquinho,
De sabor apreciado,
Foi levado até a Europa
Pra depois ser degustado.
Cavia porcellus é a espécie
Desse estimado animal
Que a ciência, assim, o chama
Em toda a aldeia global
Dando, ao roedor, um nome
De caráter universal.
Na fuga, no meio das chamas,
Sofrendo forte emoção
O Pixoxó amedrontado
Segue a mesma direção
De Graminha, a sua mãe,
Pra cair no alçapão.
O algoz da natureza
E traficante do mal
Mete a mão na armadilha
Com o seu instinto animal
Porém, uma cascavel
Dá-lhe picada letal.
No susto, perde a altivez
E os porquinhos saem do chão
Correndo pra a liberdade
Distante do caminhão
E andando em nova trilha
Sentem crescente emoção.
Famintos, mas sem temor
Eles teem outro destino:
Pixoxó mamando muito
E Graminha em faro fino
Caminham pelas estradas
Livrando-se do cretino.
Pixoxó é um filhote
Que já pressente o capim
Ao observar a mãe
No seu natural jardim
Comendo o seu alimento
Com cheirinho de jasmim.
Esse estilo ecológico
De sobreviver no mato
Faz com que um periquito
Pouse na trilha, pacato,
Para catar as sementes
E se alimentar, de fato.
- Minha mãe, veja aquilo!
- Diz o bravo Pixoxó -
- É um feixe de capim,
Que pretendo comer só,
Não divido com ninguém
Nem que eu vá pro xilindró.
Pixoxó muito animado
Programa o seu novo intento
- Eu estou muito faminto
E já quero outro alimento!
- Mas a sua mãe o corrige:
- É uma cauda em movimento.
A plumagem pequenina
De visual verdejante
Confunde o bom Pixoxó
De maneira alucinante
Tendo, ele, imaginado
Ver capim naquele instante.
Porém, pra passar o tempo
Um fato novo ocorreu,
O periquito animado
Com gracejo respondeu:
- Adorei o seu afago
Quando você me mordeu.
Nasce aí a grande amizade
Dessa trindade ecológica,
Que a partir desse momento
Quase tudo terá lógica,
Pois os três animaizinhos
Farão jornada antológica.
Conduzidos livremente
Pelas trilhas verdejantes
Com o periquito Lynch
Eles seguem radiantes
À procura de um refúgio
Pra morarem como antes.
- Periquito Australiano
Responda-me, por favor,
Para onde vos levais
Nesse campo sem amor?
- Levar-te-eis a uma chácara
Que achareis um primor.
Enquanto isso, na serra,
Jaz no chão, o malfeitor,
Tendo a sua mão inchada
E sofrendo grande dor
Implorando por socorro
A Deus-Pai, o Salvador.
- Clemência... Peço clemência...
Não pretendo, aqui, morrer!
- Disse aquele traficante
Externando o seu sofrer,
Mas por graça do destino
Algo vai lhe acontecer.
- Juro a ti, oh Deus Clemente,
Que se um milagre eu alcançar
Prometo, em sã consciência,
Jamais, o mal, praticar
Procurando, para sempre,
Os animais, abraçar.
Um cego, ali passando,
De honrado gabarito,
Com o seu ouvido aguçado
Ouve, fracamente, um grito,
Mas o faro do cão-guia
Pressente algo esquisito.
O cão conduz o ceguinho,
Que ao enfermo, se apresenta:
- O que houve com você
De forma tão violenta?
- É o tal veneno maldito
Que me mata em forma lenta.
Essa dupla iluminada
Que de Deus, traz o perdão,
Conduz com benevolência
E louvada devoção
Aquele homem do mal
Para a sua salvação.
Postaremos a Segunda parte nos proximos dias.
"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".
Dom Helder Câmara
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Prezado Savio.
ResponderExcluirNuma festa de São Raimundo, um aventureiro patrocinava um joguinho que consistia em soltar um porquinho desses num cercado de casinhas para ele escolher uma delas. Ele nunca entrava na que eu tinha colocado minha prata. Ou bichinho para querer bem ao dono! Ninguem ganhava, só dava pra casa.
Parabens pelo poema.
essa historia ista otima mais falta muita assão pixoxo e graminha tem que se diverti mais!!!
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