SEGUNDA PARTE:
Seguindo na trilha certa
A trinca parte feliz,
Apesar de na estrada
Ver sofrendo uma perdiz,
Um tatupeba, um macaco,
Um gambá e um concriz.
Segue, em procissão, o grupo
Com mais volume e mais tino,
Sendo a fauna organizada
Em horário matutino,
Acreditando na sorte
E no bondoso destino.
O periquito, do alto,
Tem prazer em avisar:
- Meus diletos amiguinhos
Termina o nosso penar,
Pois já sinto a natureza
Querendo nos abraçar.
Graminha, sob o portão,
Fala forte, em voz altiva:
- Vejo o requinte da mata
Com baraúna crescida,
Vegetação abundante
E água farta, garantida.
Dois rasantes acrobáticos
O periquito apresenta
Bradando para o seu bando,
Que, na entrada, se sustenta:
- Passei a vista na chácara...
E muita beleza, ostenta!
No interior desse sítio
Um paraíso aparece,
E a plantação preservada
Por um pintor, que a conhece,
Dá-lhe o encanto da cor
Pintada num tom de prece.
Babinski vê no pincel
Um leme na sua mão,
Que no meio de aquarelas
Da sua imaginação
Faz do cavalete, um marco,
Nas entranhas do sertão.
Na boa terra cearense,
Que o sítio Exu se anuncia,
Faz pinturas refinadas
No começo e fim do dia
Dando às pequenas horas
A sua eterna magia.
Na Polônia, ele nasceu,
No Canadá, se educou,
No Brasil, fez ponto certo
Num Rio, que o encantou,
Sem contar São Paulo e Minas
Mais Brasília, que ele amou.
Na tela pintada a óleo
Ele externa a natureza,
Na gravura, em metal Cobre,
Ele esculpe com leveza
E na moldura da mente
Guarda bem a sua grandeza.
Ao sair pra caminhar
Ele abre o seu portão
Quando, de repente, encontra
Com grande admiração
Um bando de animais
Em busca de proteção.
A luz do famoso artista
De tão nobre pensamento
Clareia o seu coração
Em saudável movimento
Fazendo da sua razão
Um marco de acolhimento.
Vendo aqueles retirantes
Exaustos e combalidos
Ele os convida, um a um,
Animais entristecidos,
A entrarem no seu sítio
De canteiros bem floridos.
O primeiro a tomar posse
Desse saudável ambiente
É o bonito periquito
De modo muito envolvente
Mostrando a sua liderança
De maneira convincente.
Logo atrás do periquito
Entra a dupla mais formosa:
O Pixoxó e a Graminha,
De forma muito dengosa,
Demonstra, logo, pra ele,
Como a vida é graciosa.
O macaco, que é metido,
Pula fazendo pirraça
Com os braços sobre o rosto
E os dentes em vidraça
Exibindo o seu sorriso
Demonstrando a sua graça.
O tatupeba, apressado,
Corre rápido sobre a terra
À procura de um buraco
Pra se proteger da guerra,
Que o seu cruel caçador
Declarou naquela serra.
O Concriz e a Perdiz
Voam rentes com o chão
Externando as suas graças
Para o novo anfitrião:
- Vou te apresentar um canto!
- Fala o corrupião.
O gambá envergonhado
Com o seu cheiro assustador
Entra muito encabulado
Indo até um pé de flor:
- Não consigo disfarçar
O meu desregrado odor.
O bom Maciej Babinski
De avantajada cultura
Com política ecológica
De elegante envergadura
Aceita a nova missão
Demonstrando a sua bravura.
A fauna reencontra a flora
Num evento de prazer
Onde muita mata virgem
Continua a florescer
Dando aos animaizinhos
Um sublime entardecer.
Pra completar o cenário
Cada vez mais encantado
O açude Caraíbas
Encravado ali, ao lado,
Mostra aquele paraíso
Sendo um ponto abençoado.
O pintor e gravurista
Faz da chácara, uma floresta,
Do atelier, um viveiro,
Onde os pássaros fazem festa
E toda a sua residência
Aos animais, ele empresta.
Aos produzir suas telas
Em tecidos moldurados
Utiliza bons pincéis
E bastões bem preparados
Recriando um ambiente
Que, por Deus, já foi criado.
Faz-se assim, dessa maneira,
Uma nova integração:
Arte com Ecologia
Fazendo combinação,
Respeitando a natureza
No interior do sertão.
Os animais concentrados
Na paisagem natureza
Vendo as telas do Babinski
Não sabem mais, com certeza,
O que é artificial,
Já que teem igual beleza.
Nesse agradável momento,
Um porquinho faz a festa:
Pixoxó derrama as tintas,
Que o bom pintor lhe empresta,
Sujando um belo tapete
Que, na sala, ainda resta.
O macaco em macacadas
Mistura todas as cores,
O gambá muito animado,
Sem esquecer seus odores,
Entra livre com a perdiz
Enlaçado em belas flores.
O tatupeba faz ponto
Imitando um taxista,
Que conduz o periquito
No rijo casco, em conquista,
E o concriz entoa um canto,
Que encanta o grande artista.
De repente, no portão,
De maneira surreal,
Fala, francamente, um guarda
Da defesa florestal:
- Eu sou o ex-traficante
Do grande reino animal...
Os animais espantados
Com a vital citação
Ouvem em tom verdadeiro
A real declaração:
- Vim, aqui, me redimir
E pedir o meu perdão!
Após essa aparição
O Babinski emite um brado:
- Quero ver todos vocês
Num passeio iluminado
Às margens do Caraíbas,
Onde eu quero ser lembrado.
Fim.
"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".
Dom Helder Câmara
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Parabens Savio.
ResponderExcluirMuito bonito. Valeu.
Abraços.
Savio,
ResponderExcluirMuito belo o que escreveu.
Muito bela a homenagem a Babinski.
Em Várzea-Alegre mora esse cidadão universal. Ele está imortalizando o nosso município em seus quadros. Isso é de uma valor inestimável para nós. Nossa fauna, nossa flora, nosso povo, nossa história, aparecerão e serão apreciados mundo afora, gerações e gerações pela frente.
Temos um gênis em nosso quintal, e não sabemos.
Parabéns José Sávio, você também é grande.
Abraços,
José Bitu
Olá,
ResponderExcluirRelativo ao que publiquei acima, erro de português: não é gênis, é gênio.
José Bitu
Com esse cordel o poeta Sávio
ResponderExcluirSaiu do consultório e passeou
no sertão de peito aberto.
O cordel também é de fazer inveja a qualquer programa de governo, dos candidatos defensores do meio ambiente.
Parabéns poeta. Você é o cara.
Abraço do vale.
Morais, Magnólia, Zé Bitu, Raimundinho, leitores,
ResponderExcluirO interessante dessa história, dirigida ao público infanto-juvenil, é que algumas decisões do enredo foram discutidas com alunos do 4º Ano da Escola do Mickey em Várzea Alegre, colocando-os numa posição de co-autores. Esse fato engrandece a trama, numa decisão que produziu uma atitude participativa do texto.
Agradeço os comentários solicitando de vocês que mostrem esse texto aos vossos filhos ou parentes e que peçam as suas opiniões, pois esse trabalho ainda se encontra em fase construção.
O projeto é a produção de um livro ilustrado para ser discutido em sala de aula.
Um Forte Abraço.