Páginas


"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


segunda-feira, 1 de novembro de 2010

FILHO DA TERRA - Reprise Por Mundim do Vale

Sou filho da terra, sou vento da serra,
Sou chá de raiz.
Sou ave voando, sou peixe nadando,
Sou gente feliz.

Sou chuva caindo, sou flores se abrindo,
Sou rama no chão.
Sou barro de telha, sou mel de abelha,
Sou pé de peão.

Sou rio correndo, sou planta nascendo,
Sou palha de milho.
Sou sol da manhã, sou flor de romã,
Sou pai e sou filho.

Sou mimo de rosa, sou dedo de prosa,
Sou som de chocalho.
Sou pó de urucum, sou quebra jejum,
Sou dente de alho.

Sou nó de imbúia, sou caco de cuia,
Sou gás e pavio.
Sou boca de noite, sou reio de açoite,
Sou braço de rio.

Sou crista de galo, sou dedo com calo,
Sou erva cidreira.
Sou fundo de saco, sou bolo de caco,
Sou teima na feira.

Sou pedra de anil, sou verde Brasil,
Sou olho de água.
Sou bicho do mato, sou unha de gato,
Sou gente sem mágoa.

Sou pau de cancela, sou cravo e canela,
Sou noite de lua.
Sou corda de arado, sou pau de machado,
Sou bico de pua.

Sou pau de bandeira, sou pé de ladeira,
Sou bicho de pé.
Sou feito na hora, sou gente que chora,
Sou homem de fé.

Sou pau de pereiro, sou pena e tinteiro,
Sou mata-borrão.
Sou forte no teste, sou brisa do leste,
Sou pau de tição.

Sou visgo de jaca, sou vira-casaca,
Sou queima de Judas.
Sou cheio de manha, sou teia de aranha,
Sou Deus nos acudas.

Sou gente pacata, sou véu de cascata,
Sou homem capaz.
Sou contra questão, sou bom cidadão,
Sou grito de paz.

Sou fera da mata, sou nó de gravata,
Sou calo na mão.
Sou água do mar, sou luz de luar,
Sou raio e trovão.

Sou bolsa de palha, sou pau de cangalha,
Sou galho de pau.
Sou bicho papão, sou sombra de oitão,
Sou velho babau.

Sou água de pote, sou remo de bote,
Sou verso em cordel.
Sou caldo de cana, sou pura caiana,
Sou favo de mel.

Sou bala trocada, sou fim da picada,
Sou beira de rio.
Sou casca de toco, sou água de coco,
Sou noite de frio.

Sou cinza de lenha, sou mato da brenha,
Sou galho com ninho.
Sou bem comportado, sou bom de recado,
Sou um bom vizinho.

Sou fruta madura, sou erva que cura,
Sou lã de algodão.
Sou pau de giral sou pedra de sal,
Sou mão de pilão.

Sou cerca de vara, sou pau de arara,
Sou manga no cacho.
Sou nó apertado, sou couro ensebado,
Sou fogo de facho.

Sou água vertente, sou sol do nascente,
Sou voz do nordeste.
Sou peixe piau, sou cobra coral,
Sou cabra da peste.

Sou um cidadão feliz
Nascido aqui no sertão,
Tomando chá de raiz
Dançando xote e baião.
Tenho o cheiro da campina,
Da essência nordestina
Que Deus colocou na serra.
Sou um fruto do nordeste,
Que agradece o pai celeste
Por ser filho dessa terra.

Mundim do Vale.
Várzea Alegre Ceará.

Dedicado a Flor do Chico, para que não fique enciumada com as novas amizades do Blog.

7 comentários:

  1. A Flor do Chico, não tem o perfume da rua, mas tem o cheiro do mato.

    ResponderExcluir
  2. Ei, Magnólia, e eu que nem sou da rua nem do Chico, como fico?
    Fafá Bitu

    ResponderExcluir
  3. Muito bom e prazeroso lê os versos do Mundim. Melhor ainda o que se lê nestes comentarios da Fafá e da Magnolia. Elas escrevem de um jeito muito proprio de fazer rir. O Blog está agradavel de se acessar por conta de vocês.

    ResponderExcluir
  4. Rica de que? Só se for das graças de Deus,"A Flor do Chico, não tem o perfume da rua, mas tem o cheiro do mato." Eita, Mundim poético!

    Ei, Mundim, faça uns versos para a baixinha da monareta! Quero ficar importante como Magnólia, ganhar versos, já pensou que coisa chique!

    ResponderExcluir
  5. que lindo poema dedicado a minha prima
    *que é realmente um flor..

    ResponderExcluir
  6. Minha irmã ISABEL BITU foi professora do Ginásio São Raimundo e do Zé Correia, já falei que somos de outra época. Se você não conheceu o RECREIO SOCIAL não merece o poema de Mundim, rs.

    ResponderExcluir
  7. Magnólia pode até ser uma flor mas ainda não desabrochou, rs Esqueça a palavra rica, não combina com fafá de Zé Bitu, viu?

    ResponderExcluir