Quando estudante em Salvador, entre os companheiros de residência, havia um jovem de Alagoinhas, Wedner Costa, um amigo que não vejo há mais de quarenta anos. Soube que hoje ele é um conceituado cardiologista na capital baiana.
Na Semana Santa de 1965, a convite de Wedner, conheci Alagoinhas. Bem depressa fiquei encantado com a beleza da cidade, pois me lembrou o nosso querido Crato. Cidade quase do mesmo tamanho da nossa, igualmente limpa, bem arborizada, repleta de praças acolhedoras com jardins bem cuidados. Além do mais, o português Agostinho Ribeiro da Silva, meu quinto avô pelo lado Esmeraldo, se fixou em Alagoinhas, tão logo chegou ao Brasil ai pelo final do século XVII. Além de tudo isso, fui distinguido com fidalguia pela hospitalidade dos pais de Wedner.
Foi uma semana inesquecível em que vivemos noitadas memoráveis. Depressa fiz amizade com dois jovens de Alagoinhas, ex-colegas de Wedner: Zenon e Homero, que posteriormente foram meus colegas na Escola Politécnica. Como a maioria dos baianos, eles tocavam violão e Homero tinha uma excelente voz. E todas as noites eu os acompanhava em serenatas pelas ruas da cidade até altas horas. Durante o dia, as moças pediam para que eles fizessem serenata na rua em que elas moravam.
No domingo pela manhã, dia do nosso retorno a Salvador, o senhor Lourival, pai do Wedner, me perguntou se eu já havia comido carne de sariguê. Perguntei a ele o que era sariguê, pois nunca ouvira tal nome. E ele me respondeu que era uma pequena caça que havia em abundância por lá e que iria ao mercado para comprá-la.
Achei o almoço delicioso. A carne preparada ao molho parecia com galinha cozida no caldo. Comi e ainda repeti.
Quando terminei o almoço, o pai do Wedner me perguntou por que no Ceará a gente não comia sariguê. Respondi que não existia essa caça em nossa terra. Ele então me disse que tinha, e que sariguê era conhecido no Ceará por “cassaco” ou “gambá”. Passei o resto da tarde contendo a reviravolta do meu estômago.
Mas sariguê não foi o único prato indigesto que degustei na minha vida. Quando trabalhava na Coelce, tinha como atribuição principal o atendimento aos políticos de todas as cores e ideologia um tanto quanto paupérrima. Então me especializei em engolir “sapos”. Por isso faço questão de passar longe de um cururu. E por segurança, não aceito comidas exóticas, pois pode ser que em algum lugar cachorro ou macaco tenham nomes que sugiram algo bem apetitoso.
Por Carlos Eduardo Esmeraldo
Na Semana Santa de 1965, a convite de Wedner, conheci Alagoinhas. Bem depressa fiquei encantado com a beleza da cidade, pois me lembrou o nosso querido Crato. Cidade quase do mesmo tamanho da nossa, igualmente limpa, bem arborizada, repleta de praças acolhedoras com jardins bem cuidados. Além do mais, o português Agostinho Ribeiro da Silva, meu quinto avô pelo lado Esmeraldo, se fixou em Alagoinhas, tão logo chegou ao Brasil ai pelo final do século XVII. Além de tudo isso, fui distinguido com fidalguia pela hospitalidade dos pais de Wedner.
Foi uma semana inesquecível em que vivemos noitadas memoráveis. Depressa fiz amizade com dois jovens de Alagoinhas, ex-colegas de Wedner: Zenon e Homero, que posteriormente foram meus colegas na Escola Politécnica. Como a maioria dos baianos, eles tocavam violão e Homero tinha uma excelente voz. E todas as noites eu os acompanhava em serenatas pelas ruas da cidade até altas horas. Durante o dia, as moças pediam para que eles fizessem serenata na rua em que elas moravam.
No domingo pela manhã, dia do nosso retorno a Salvador, o senhor Lourival, pai do Wedner, me perguntou se eu já havia comido carne de sariguê. Perguntei a ele o que era sariguê, pois nunca ouvira tal nome. E ele me respondeu que era uma pequena caça que havia em abundância por lá e que iria ao mercado para comprá-la.
Achei o almoço delicioso. A carne preparada ao molho parecia com galinha cozida no caldo. Comi e ainda repeti.
Quando terminei o almoço, o pai do Wedner me perguntou por que no Ceará a gente não comia sariguê. Respondi que não existia essa caça em nossa terra. Ele então me disse que tinha, e que sariguê era conhecido no Ceará por “cassaco” ou “gambá”. Passei o resto da tarde contendo a reviravolta do meu estômago.
Mas sariguê não foi o único prato indigesto que degustei na minha vida. Quando trabalhava na Coelce, tinha como atribuição principal o atendimento aos políticos de todas as cores e ideologia um tanto quanto paupérrima. Então me especializei em engolir “sapos”. Por isso faço questão de passar longe de um cururu. E por segurança, não aceito comidas exóticas, pois pode ser que em algum lugar cachorro ou macaco tenham nomes que sugiram algo bem apetitoso.
Por Carlos Eduardo Esmeraldo
Carlos Eduardo.
ResponderExcluirMuito bom o seu texto e sua historia. Não se surpreenda se amanha ou depois alguns desses seus colegas apareçam. Eu já encontrei varios colegas espalhados pelo Brasil a fora com estas historinhas do tipo desta sua. São as facilidades da Internet. Aproxima as pessoas. Estamos felizes pelo seu retorno, parabens pela postagem: Saude e paz.
Abraços.
Caro Morais
ResponderExcluirObrigado. Há alguns dias, eu soube que um daqueles colegas, o Homero, o da voz bonita já falecera. Mão tenho muito contato com meus ex-colegas da Bahia! Certa vez um me telefonou de Porto Alegre onde reside. encontrou meu nome na lista telefônica.
Mas voltando ao assunto de comida, no Pará, no acampamento da construtora eu comi carne de Jacaré que estava no almoço dos operários, mas sabendo que era carne de jacaré, não gostei.
Eita, Carlos...
ResponderExcluirMe permita dizer uma expressãozinha nossa: "arre égua" !
Gambá!!!!!
Abraço a você e Magali
Claude
Carlos Esmeraldo,
ResponderExcluirO gosto de gambá eu desconheço, porém o seu cheiro...
Coitadinha da cozinheira.
Um abraço.
À Claude e Sávio Pinheiro
ResponderExcluirAgradeço a colaboração de vocês. Qualquer dia vou oferecer um almoço com a extraordinária caça dos baianos: o "sariguê! Eles gostam muito e afirmo que não tem o cheiro.
O comentário anterior é o atual, corrigido alguns errinhos de digitação.mesmo
Abraços