Dilma, afirmando buscar o corte de gastos, torna ainda mais visível a "herança maldita" deixada por Lula nas contas públicas.
Quando o Brasil foi descoberto, reinava em Portugal D. Manuel I, sob cujo cetro o país viveu período de grande glória e esplendor. Foi descoberto o Caminho das Índias e, mais importante ainda, o caminho das Molucas, pequeno arquipélago a leste da Indonésia, de onde vinham para o entreposto de Constantinopla as especiarias que genoveses e venezianos revendiam a peso de ouro no mercado europeu. Portugal enriqueceu e impressionantes obras públicas adornaram a paisagem de Lisboa, com um estilo que levou seu nome. Por essas e outras empreitadas, D. Manuel credenciou-se ao sonoro título de Rei de Portugal e dos Algarves, d'Aquém e d'Além-Mar em África, e Senhor da Guiné e da Conquista, Navegação e Comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia. Entrou para a história como "O Venturoso".
Seriam necessários cinco séculos de governantes inúteis, explorações e frustrações para que o Brasil gerasse seu próprio Venturoso, graças à feliz combinação astral que nos regalou Lula como presidente. Você, leitor, pode discordar, bater pé, abanar a cabeça, mas Lula sabe que é assim. E é o que basta. Custou-lhe muito alcançar essa condição.
Não pense ser fácil, leitor, governar um país do tamanho do Brasil durante dois mandatos, trazer para o regaço do governo os maiores pilantras da política nacional, entregar o posto, passados oito anos, com a Educação entre as piores do planeta, o SUS num caos e a segurança do jeito que todos sabemos. E, ainda assim, contar com 87% de aprovação. Tem que ser muito venturoso! À sua sucessora, num mandato recebido de bandeja, restaram as desventuras e os ônus políticos de dar jeito na crise que o Venturoso empurrou para diante com a pança e o papo. Com gastança e lambança ao longo dos últimos anos de sua gestão.
Não havia no país mesa de economista na qual as luzes amarelas das contas nacionais e da inflação não estivessem acesas, intranquilizando as madrugadas. Mas o processo sucessório não permitia condescendências. Para o realismo cínico, as eleições vêm em primeiro lugar. O interesse nacional chega mais tarde, bem depois de coisas essenciais como o partido, o poder, os fundos de pensão, o marketing e os cargos.
O noticiário da semana mostra que a presidente Dilma, bem antes do que esperava, topou com as agruras da vida. Cortar R$ 50 bilhões do orçamento não contribui para a popularidade de quem quer que seja. O brasileiro é tolerante até com a corrupção, mas não admite austeridade. Metam a mão, mas não me cortem os gastos públicos! E dona Dilma tomou essa decisão que não apenas retira R$ 50 bi da gastança. Não senhor! Tira-os também da lambança. Tira-os das emendas parlamentares, o que equivale a rarear a moeda de troca com cujo tilintar se rege a orquestra da base de apoio.
Não nos surpreendamos se, em breve, os telefonemas da Casa Civil para seus deputados e senadores começarem a retornar com sinal de fora de área. E enquanto isso, D. Lula, Patriarca do Brasil e Protetor do Irã, Defensor Perpétuo da Democracia d'Além-Venezuela e d'Aquém-Cuba, e senhor do Comércio com Gabão, Congo, Burkina Faso e Tuvalu, diz que estão querendo desconstruir sua sacrossanta imagem.
Por Percival Puggina.
Extraído do site www.midiasemmascara.com.br
Na última edição da VEJA, sob o título “Volta ao trabalho”, José Roberto Guzzo escreveu:
ResponderExcluir“Desde que o Brasil voltou a ser presidido por um ser humano comum, a partir de janeiro de 2011, uma porção de coisas começou a mudar no mundo que gira em torno do governo. É pouco tempo, ainda, para saber melhor o que vem por aí, mas já existe um clima diferente–a começar pela sensação de pausa na neurastenia permanente produzida pelo ex-presidente da República durante os oito anos em que ocupou o cargo.
É um alivio: desde que Dilma Rousseff assumiu, não é mais preciso ouvir, todo santo dia, quanto o Brasil deve a seu presidente etc. A mudança que parece chamar mais a atenção, porém, é que o país voltou a ter na Presidência uma pessoa que trabalha. Dilma comparece ao serviço todos os dias. Tem uma agenda de atividades a executar. Não passa seu tempo dentro do Aerolula, ou fazendo discurso, ou comandando homenagens a si própria. Despacha com ministros. Faz cobranças; não vai logo engolindo a primeira desculpa que lhe dão. Marca reunião nas sextas-feiras, para os auxiliares não engordarem o fim de semana com um dia a mais. Já é uma boa coisa”.
Dr. Antonio André.
ResponderExcluirA farofa não era tanta como pregava o Cara. Hoje vemos os cortes responsaveis e necessarios. O que causa espanto é essa balburdia toda entre governo, centrais sindicais e congresso por conta de uma majoração no salario equivalente ao preço de uma bicada de pinga dia - 0.50 - Pode.