O ENCONTRO DE SÃO RAIMUNDO NONATO COM GETÚLIO VARGAS NA FESTA DE AGOSTO
Dedico ao Major Joaquim Alves (in memoriam)
Segunda Parte:
Getúlio quando subiu
Na tribuna ornamentada
Fez o povo aglomerar-se
Com volume, na estrada,
E uma vaga estratégica
Foi bastante disputada.
Iniciou o seu discurso
Meditando sobre a vida,
Que nasceu no Rio Grande
Tendo vida destemida
E que a cidade de São Borja
É a terra mais garrida.
Ele falou pra os ouvintes
Da vida parlamentar,
Que foi eleito Deputado
Estadual de seu lugar:
O Rio Grande do Sul,
Estado espetacular.
Dois mandatos pelo estado
Deu-lhe fama estadual;
No ano de vinte e três
Com visão nacional
Elegeu-se com vigor
Deputado federal.
No final do seu mandato
Foi chamado em audiência
Pra assumir um ministério
Demonstrando competência
E pra à pasta da fazenda
Foi um líder com decência.
No ano de vinte e oito
Governou o seu estado;
E por no ano seguinte
Haver se candidatado,
Pra comandar a República
Teve o pleito derrotado.
Ficando inconformado
Com a perda da eleição
Articulou um movimento
Querendo a deposição,
Que, em trinta, provocaria
A vital revolução.
Uma junta governista
Com instinto varonil
Liderada por Getúlio,
Um político nota mil,
No terceiro de novembro
Toma conta do Brasil.
No ano de trinta e quatro,
Promulga a constituição,
Tendo por via indireta
O controle da nação,
Pois com a constituinte
Encontrou a solução.
No ano de trinta e sete,
Getúlio faz-se arrogado,
Dissolve todo o congresso
E toma conta do estado,
Outorga a constituição
E o Estado Novo é implantado.
Em um nove quatro cinco,
Quase no final do ano,
É deposto o grande Vargas
Em esquema soberano
Porém, no ano seguinte
Pra o senado, tem um plano.
Já eleito senador
Trabalha a sua eleição
Antevendo a Presidência
Da República tem ação,
E no ano de cinquenta
Muda o rumo da nação.
Tendo no seu PTB,
Que fundou com destemor
Um partido solidário,
Que trabalha com fervor,
Quase metade dos votos
Sufraga com esplendor.
Foi eleito Presidente
Da República do Brasil
Pelo mandato direto,
Em votação bem gentil,
Tendo sido aclamado
De maneira nada hostil.
Durante os seus dois mandatos
Trabalhou intensamente
Criou o salário mínimo
Em atitude valente,
A carta profissional
Fez o cidadão ser gente.
Criou vários ministérios
Defendendo uma postura;
Protegeu a Saúde Pública,
O Trabalho e a Agricultura,
A Indústria e o Comércio,
E uma Educação futura.
Porém, após quatro anos
Da sua eleição direta
Ele enfrentou mil problemas
De gravidade concreta,
Cuja solução saudável
Não era nada discreta.
Destroçando o seu governo
Tem fortíssima oposição:
O bravo Carlos Lacerda
Com coragem de leão,
Sofre um duro atentado
Dando início a maldição.
Deu-se no mês de Agosto,
Esse episódio funesto,
No mês do cachorro doido,
Tão descompensado gesto
Trazendo complicações
Pra Getúlio, eu não contesto.
Um atentado feroz
Muda a vida de repente,
Morre o major Rubens Vaz,
Um cidadão inocente,
Em vez de Carlos Lacerda,
Que incrimina o presidente
O chefe da segurança
Do líder dessa nação
Manda executar Lacerda
Sem pedir opinião
Prejudicando Getúlio
E o governo em questão.
O Gregório Fortunato,
Que ousou dessa maneira
Confessou ser o mandante,
Com verdade verdadeira
Provocando enorme crise
Nessa terra brasileira.
No dia nove de agosto,
O presidente anuncia,
Que dissolve a sua guarda
Detendo o seu velho guia,
Mas comunica ao seu povo
Que dali não renuncia.
Vendo-se a opinião pública
Cada vez mais dividida
A equipe não governa,
Não tem força garantida,
O governo se desdobra
Procurando uma investida.
Começa então o martírio
Do governo em convulsão
Aclamam Eduardo Gomes,
O homem da aviação,
Pra dirigir a Aeronáutica
E mostrar a solução.
Tentam convencer Zenóbio,
Ministro forte e valente
E comandante da Guerra,
Numa missão contundente:
Solicitar de uma vez
A saída do presidente.
Carlos Lacerda sugere,
Que o Café Filho insista;
Afonso Arinos, na câmara,
Organizando uma lista
Pede pra Getúlio Vargas
Renunciar, dar à pista.
O presidente resiste
Sem querer abdicar,
Mas sugere uma renúncia
Coletiva apreciar,
Porém, as Forças Armadas
Relutam em aceitar.
Encerrando o seu discurso
Fala mal do mês de Agosto
Pois relembra os ex-amigos
Dando-lhe grande desgosto
Colocando em sua vida
Um destino a contragosto.
Ao descer do grande palco
Bastante ovacionado
É levado pelo povo
Pra um local bem reservado
Encontrando São Raimundo,
Que já está acomodado.
O olhar do nobre santo
Para o grande presidente
Fez com que se percebesse
Um interesse diferente,
Pois tinha um ponto comum,
Que os unia, no presente.
Foi São Raimundo Nonato
O primeiro que falou.
Dirigindo-se ao Getúlio
Um aceno lhe furtou
E, aquele, prontamente,
Também se pronunciou.
São Raimundo sorridente
Faz-lhe uma observação:
- Você notou, presidente,
Nesta grande falação
Alguma coincidência
De lhe chamar à atenção?
O Getúlio espantado
Não sabe lhe responder,
Porém, bastante educado
Fala-lhe que quer saber,
O santo compenetrado
Faz aqui o seu parecer.
- Getúlio, eu ouvi muito bem
Toda a sua explanação
O trágico mês de agosto,
Sua grande decepção,
Por isso faço a você
Honrosa convocação.
Já que temos em comum
Sequelas deste mês louco,
Que eu morri e você se foi,
Não quero lembrar, tampouco,
Eu reivindico a você
Para relaxar um pouco.
Em vinte e um de agosto,
Começará uma festa
Na cidade dos contrastes,
Que o povo se manifesta.
Convido você, agora,
Vê se você não contesta.
- Agradeço ao seu convite
Grande e nobre orador,
Pois conheço o seu passado,
Sei que tu foste um pastor!
Porém, permita que eu
Não registre um dissabor.
Na rua da sua igreja
Não quero me intrometer,
Mas naquela, logo abaixo,
Das jornadas de lazer
Retiraram o meu nome
Fazendo-me entristecer.
Quero que você entenda
O porque do meu lamento,
Pois acho que quando um povo,
Externa o seu sentimento,
Este merece o respeito
Seja lá qual for o tempo.
- Colega Getúlio Vargas
Sei que você tem razão,
Mas saiba que o sucessor
Da bela rua em questão
É o nosso amigo Luiz,
Homem de bom coração.
Luiz Afonso Diniz
Morou naquela avenida
Foi um cidadão decente
De família merecida
Por isso teve o seu nome
Lembrado, na despedida.
Este louvado senhor
Sempre foi bem animado,
Amava se divertir,
Nunca se fez de arrogado,
Nas festas de gafieira
Era o mais compenetrado.
Por isso, caro Getúlio
Não fique, assim, tão sentido,
Pois saiba que a sua rua
Tem um nome merecido
E que o estimado Luiz
Será sempre agradecido.
Garanto e digo a você,
Que a festa é bem animada,
E que no primeiro dia
Será grande a caminhada,
Tendo no pau da bandeira
O início na jornada.
O pau será aterrado
No patamar da igreja
Com bela celebração
Que a população deseja,
Sendo um ato popular,
Eu quero que você veja.
Fim da Segunda Parte.
Dedico ao Major Joaquim Alves (in memoriam)
Segunda Parte:
Getúlio quando subiu
Na tribuna ornamentada
Fez o povo aglomerar-se
Com volume, na estrada,
E uma vaga estratégica
Foi bastante disputada.
Iniciou o seu discurso
Meditando sobre a vida,
Que nasceu no Rio Grande
Tendo vida destemida
E que a cidade de São Borja
É a terra mais garrida.
Ele falou pra os ouvintes
Da vida parlamentar,
Que foi eleito Deputado
Estadual de seu lugar:
O Rio Grande do Sul,
Estado espetacular.
Dois mandatos pelo estado
Deu-lhe fama estadual;
No ano de vinte e três
Com visão nacional
Elegeu-se com vigor
Deputado federal.
No final do seu mandato
Foi chamado em audiência
Pra assumir um ministério
Demonstrando competência
E pra à pasta da fazenda
Foi um líder com decência.
No ano de vinte e oito
Governou o seu estado;
E por no ano seguinte
Haver se candidatado,
Pra comandar a República
Teve o pleito derrotado.
Ficando inconformado
Com a perda da eleição
Articulou um movimento
Querendo a deposição,
Que, em trinta, provocaria
A vital revolução.
Uma junta governista
Com instinto varonil
Liderada por Getúlio,
Um político nota mil,
No terceiro de novembro
Toma conta do Brasil.
No ano de trinta e quatro,
Promulga a constituição,
Tendo por via indireta
O controle da nação,
Pois com a constituinte
Encontrou a solução.
No ano de trinta e sete,
Getúlio faz-se arrogado,
Dissolve todo o congresso
E toma conta do estado,
Outorga a constituição
E o Estado Novo é implantado.
Em um nove quatro cinco,
Quase no final do ano,
É deposto o grande Vargas
Em esquema soberano
Porém, no ano seguinte
Pra o senado, tem um plano.
Já eleito senador
Trabalha a sua eleição
Antevendo a Presidência
Da República tem ação,
E no ano de cinquenta
Muda o rumo da nação.
Tendo no seu PTB,
Que fundou com destemor
Um partido solidário,
Que trabalha com fervor,
Quase metade dos votos
Sufraga com esplendor.
Foi eleito Presidente
Da República do Brasil
Pelo mandato direto,
Em votação bem gentil,
Tendo sido aclamado
De maneira nada hostil.
Durante os seus dois mandatos
Trabalhou intensamente
Criou o salário mínimo
Em atitude valente,
A carta profissional
Fez o cidadão ser gente.
Criou vários ministérios
Defendendo uma postura;
Protegeu a Saúde Pública,
O Trabalho e a Agricultura,
A Indústria e o Comércio,
E uma Educação futura.
Porém, após quatro anos
Da sua eleição direta
Ele enfrentou mil problemas
De gravidade concreta,
Cuja solução saudável
Não era nada discreta.
Destroçando o seu governo
Tem fortíssima oposição:
O bravo Carlos Lacerda
Com coragem de leão,
Sofre um duro atentado
Dando início a maldição.
Deu-se no mês de Agosto,
Esse episódio funesto,
No mês do cachorro doido,
Tão descompensado gesto
Trazendo complicações
Pra Getúlio, eu não contesto.
Um atentado feroz
Muda a vida de repente,
Morre o major Rubens Vaz,
Um cidadão inocente,
Em vez de Carlos Lacerda,
Que incrimina o presidente
O chefe da segurança
Do líder dessa nação
Manda executar Lacerda
Sem pedir opinião
Prejudicando Getúlio
E o governo em questão.
O Gregório Fortunato,
Que ousou dessa maneira
Confessou ser o mandante,
Com verdade verdadeira
Provocando enorme crise
Nessa terra brasileira.
No dia nove de agosto,
O presidente anuncia,
Que dissolve a sua guarda
Detendo o seu velho guia,
Mas comunica ao seu povo
Que dali não renuncia.
Vendo-se a opinião pública
Cada vez mais dividida
A equipe não governa,
Não tem força garantida,
O governo se desdobra
Procurando uma investida.
Começa então o martírio
Do governo em convulsão
Aclamam Eduardo Gomes,
O homem da aviação,
Pra dirigir a Aeronáutica
E mostrar a solução.
Tentam convencer Zenóbio,
Ministro forte e valente
E comandante da Guerra,
Numa missão contundente:
Solicitar de uma vez
A saída do presidente.
Carlos Lacerda sugere,
Que o Café Filho insista;
Afonso Arinos, na câmara,
Organizando uma lista
Pede pra Getúlio Vargas
Renunciar, dar à pista.
O presidente resiste
Sem querer abdicar,
Mas sugere uma renúncia
Coletiva apreciar,
Porém, as Forças Armadas
Relutam em aceitar.
Encerrando o seu discurso
Fala mal do mês de Agosto
Pois relembra os ex-amigos
Dando-lhe grande desgosto
Colocando em sua vida
Um destino a contragosto.
Ao descer do grande palco
Bastante ovacionado
É levado pelo povo
Pra um local bem reservado
Encontrando São Raimundo,
Que já está acomodado.
O olhar do nobre santo
Para o grande presidente
Fez com que se percebesse
Um interesse diferente,
Pois tinha um ponto comum,
Que os unia, no presente.
Foi São Raimundo Nonato
O primeiro que falou.
Dirigindo-se ao Getúlio
Um aceno lhe furtou
E, aquele, prontamente,
Também se pronunciou.
São Raimundo sorridente
Faz-lhe uma observação:
- Você notou, presidente,
Nesta grande falação
Alguma coincidência
De lhe chamar à atenção?
O Getúlio espantado
Não sabe lhe responder,
Porém, bastante educado
Fala-lhe que quer saber,
O santo compenetrado
Faz aqui o seu parecer.
- Getúlio, eu ouvi muito bem
Toda a sua explanação
O trágico mês de agosto,
Sua grande decepção,
Por isso faço a você
Honrosa convocação.
Já que temos em comum
Sequelas deste mês louco,
Que eu morri e você se foi,
Não quero lembrar, tampouco,
Eu reivindico a você
Para relaxar um pouco.
Em vinte e um de agosto,
Começará uma festa
Na cidade dos contrastes,
Que o povo se manifesta.
Convido você, agora,
Vê se você não contesta.
- Agradeço ao seu convite
Grande e nobre orador,
Pois conheço o seu passado,
Sei que tu foste um pastor!
Porém, permita que eu
Não registre um dissabor.
Na rua da sua igreja
Não quero me intrometer,
Mas naquela, logo abaixo,
Das jornadas de lazer
Retiraram o meu nome
Fazendo-me entristecer.
Quero que você entenda
O porque do meu lamento,
Pois acho que quando um povo,
Externa o seu sentimento,
Este merece o respeito
Seja lá qual for o tempo.
- Colega Getúlio Vargas
Sei que você tem razão,
Mas saiba que o sucessor
Da bela rua em questão
É o nosso amigo Luiz,
Homem de bom coração.
Luiz Afonso Diniz
Morou naquela avenida
Foi um cidadão decente
De família merecida
Por isso teve o seu nome
Lembrado, na despedida.
Este louvado senhor
Sempre foi bem animado,
Amava se divertir,
Nunca se fez de arrogado,
Nas festas de gafieira
Era o mais compenetrado.
Por isso, caro Getúlio
Não fique, assim, tão sentido,
Pois saiba que a sua rua
Tem um nome merecido
E que o estimado Luiz
Será sempre agradecido.
Garanto e digo a você,
Que a festa é bem animada,
E que no primeiro dia
Será grande a caminhada,
Tendo no pau da bandeira
O início na jornada.
O pau será aterrado
No patamar da igreja
Com bela celebração
Que a população deseja,
Sendo um ato popular,
Eu quero que você veja.
Fim da Segunda Parte.
Parabens Dr. Savio.
ResponderExcluirUm belo poema. Aguardamos as duas partes finais.
Zé Sávio, espero ansiosa pela sexta feira para ler a sexta de textos... Muito bom mesmo, adorooo!
ResponderExcluirDr. Sávio Pinheiro.
ResponderExcluirSem dúvida alguma, esse seu cordel no deu uma verdadeira aula de História da Brasil. Esse período interessa a todos nós. Sobre Getulio Vargas e seu longo governo, ainda temos muito a conhece.
Parabéns!