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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quarta-feira, 2 de novembro de 2011

DUPLA TRAIÇÃO - POR XICO BIZERRA.

Este caso quem me contou foi um primo de Juazeiro do Norte, ‘expert’ em casos da espécie. Vendo o peixe pelo mesmo preço que comprei, sem tirar nem por.
Fazendeiro matuto e rico, que morava na capital, apaixonou-se perdidamente pela mulher do caseiro e foi correspondido. As idas para a fazenda, que eram mensais, começaram a ser quinzenais e depois semanais. A permanência na Fazenda aumentou: dois, três, quatro dias por semana. Acabou chamando a atenção de um filho que descobriu a aventura. Temeroso, advertiu o Pai do perigo iminente que envolvia a situação. De nada adiantou. O Pai até aumentou a freqüência com que visitava a fazenda.
- Papai, isso é muito perigoso. O Senhor sabe como essas coisas são resolvidas no sertão: é na base da peixeira.
Como o fazendeiro não desistiu das visitas, o filho voltou a falar, já desesperado:
- Se o Senhor não quer parar, prepare para se defender: tudo pode acontecer.
O homem, apaixonado como estava, achou mais fácil botar um revólver no porta luvas de seu carro. Algum tempo depois foi procurado pelo caseiro na hora do almoço:
- Doutor, preciso ter uma conversa com o Senhor.
Diante da situação, certo de que o ‘namoro’ havia sido descoberto, nada tinha a fazer senão ouvir a conversa proposta.
- Pois não, pode dizer.
- Não, doutor, a conversa é séria e tem que ser em particular.
Entraram no carro e procuraram um lugar afastado.  Ao parar, inquiriu o caseiro:
- Diga o que você quer conversar comigo.
- Doutor! A nossa mulher ‘tá traindo a gente.

3 comentários:

  1. Xico Bizerra.

    Muito boa. O conformismo do caseiro era de causar espanto. Foi procurar apoio com o socio.

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  2. Parabéns! Um causo dos bons além de ser muito bem contado. Uma estrutura a nível literário perfeita com colocações espaço-temporal digna dos grandes contistas. Um narrador onisciente que distribui uniformemente os fatos e personagens que mesmo sem descrições pode o leitor imaginar o tipo físico e psicológico de cada um. Muito bom!
    Abraços!

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  3. É, deu pra vê até, que essa pobre senhora, estava se sentindo muito sozinha coitada!

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