Páginas


"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

O DICUMÊ DOS INLEITOR - Por Mundim do Vale.

Na campanha de 1.962, onde eram candidatos a prefeito pelo P.S.D. o Sr. Acelino Leandro e pela U. D. N. o Sr. Josué Diniz. O empresário Otacílio Correia, cunhado de Acelino Leandro veio a Várzea Alegre para ajudar na campanha. Ocupou a difícil função de tesoureiro para controlar os gastos e as explorações.
Faltando três dias para a eleição Otacílio estava sentado no comitê, quando chegou um candidato a vereador pelo distrito de Fortuna ( Hoje Ibicatu ) O candidato mais mala do que Marcos Valério disse que precisava falar com Otacílio. Fatico Fiusa mandou que ele entrasse e o candidato foi logo falando:
- Seu Otacílio! Eu vim aqui pidir um dinheiro o Sinhor, prumode eu comprar seis boi pra dá dicumer os nosso inleitor da Furtuna e do Guarani. Otacílio apanhado de surpresa pensou um pouco e falou:
- Mas candidato! Seis bois abatidos daria para alimentar os eleitores de todo o município.
- Mais sabe cuma é, né Seu Otacílio? Os inleitor quando vem é trazendo os fi tudim.
- Mas não dá certo não meu amigo, tá surgindo a febre aftosa no gado e se os eleitores morrerem, vai eu, você e Acelino pra cadeia.
- Apois ontonse o Sinhor me dá o dinheiro qui eu compro vinte poico e faço o armoço pra eles.
- Porco também não! Os porcos de Várzea Alegre estão Com caroços e se os eleitores endoidecerem, nós também vamos presos.
- Apois ramo fazer disso. Decar o dinheiro qui eu compro cem bode e encho o bucho deles.
- Pior ainda. Na carne de criação tem um componente que deixa as pessoas com a memória fraca durante uma semana. E se isto acontecer eles podem votar nos adversários e não se elege nem você e nem Acelino.
- Apois ramo fazer assim. O Sinhor arruma o dinheiro qui eu compro duzentas galinha a Suarim e dou o dicumer dos inleitor.
- Você tá ficando maluco candidato? Se você matar essas galinhas, quando for depois das eleições o nosso eleitorado morre de fome sem ter nem o ovo do indez pra comer.
- Ontonse o qui é qui eu faço prus inleitor cumer no dia da inleição?
- Faça o seguinte: - Você diz a eles que se alimentem da mesma coisa que ele comem nos outros dias, que depois da vitória, nós vamos fazer uma grande festa lá no distrito e eles vão comer à vontade.
Depois desta o candidato foi embora sem levar nem uma avoante, Acelino tirou exatos sessenta e cinco votos no distrito o que correspondia a metade do eleitorado. Perdeu a eleição com uma margem tão pequena, que os votos que o candidato aliado prometia talvez fizesse a difrença.
Depois do resultado, nos comentários pós-eleição Otacílio falou:- Acelino! todo o teu eleitorado da Fortuna poderia ser alimentado, Apenas com preá e o prestígio aquele nosso candidato de lá hoje deve está mais baixo do que confissão de quenga.

Dedicado as primas:
Tereza Siebra e Stephani Siebra

2 comentários:

  1. Mundim do Vale.

    O negocio em eleição é acreditar. Vai que o outro candidato acreditou e deu os bois.

    Seu Josué ganhou a eleição com 47 votos de maioria. Bastavam 24 votos de lá pra cá e a eleição estava decidida.

    Grande abraço.

    ResponderExcluir
  2. Eleição é assim,nem que voce não acredite no eleitor,mas precisa fazer uma fezinha nele,essa do dicumer foi boa,valeu mundim do vale.

    ResponderExcluir