Páginas


"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

CONTO DE CARNAVAL - Por Mundim do Vale.

Reprisado para: Fátima Andrade, Licinha Viana, Flor das Bravas, Renato Bitu e Odalice Leandro, irmã do personagem mais novo desse causo.


A nossa Charanga foi uma batucada, criada para animar os carnavais de rua e os jogos de futebol de salão em Várzea Alegre.O grupo era composto por:Luís Filho, Marconi Proto, Célio e Tércio Costa, Mario Leal, Noberto Rolim, Joemilton Martins, Gonzaga Teixeira, Nilton Freire, João Piau e outros, inclusive esse contador de causos.

Nos ensaios nós procurávamos locais reservados, para que nos dias de desfiles, o público tivesse novidades.

Uma vez nós estávamos na busca do local para o ensaio, quando Nilton falou:
- Nós podemos ensaiar na casa de Dona Maria Edite, eu arranjo a chave.
Eu perguntei: - E ela não acha ruim não?
- Não que a casa tá alugada a papai.
Nós entramos e fechamos a porta da frente com muito cuidado para que não entrasse curiosos. Com a gente estava o saudoso Fernando de Raimundo Leandro, que nós chamávamos carinhosamente de Castelo Branco. O garoto contava apenas com quatro anos mas não perdia um ensaio da Charanga.

Armamos a nossa tenda na sala onde hoje funciona os estúdios da rádio Cultura. Começamos a tocar quando de repente eu notei um claro no corredor. Olhei para a porta e vi entrando Dona Maria Edite vestida de preto, que era luto de sentimento por uma pessoa próxima. Vendo aquela visita entrando eu gritei:
- Lá vem Dona Maria Edite!
Dizendo isso eu corri pela parte traseira da casa, escalei o muro que dava acesso a minha casa e notei que Noberto Rolim vinha logo atrás com um surdo de mão quase do tamanho dele. João Piau e Tércio Costa entraram num chiqueiro e ficaram escondidos atrás de uma pilha de pneus velhos. Gonzaga Teixeira que não sabia nadar, pulou o muro depois pulou uma cerca de arame e saiu nadando na lagoa de São Raimundo. Depois foi bater na casa do Sr. Matias onde ficou escondido. Mário Leal pulou para a casa de Valdeliz e enrolou-se no pano de Jesus Cristo, que era um cenário que Jesus usava nas fotos de primeira comunhão. Só que depois Mário disse, que teria sido melhor enfrentar Maria Edite. Joemilton e Luís Filho, saíram pulando muros até chegar no Recreio Social.

Só quem ficou para encarar a proprietária, foi Marconi, Célio e Nilton.

Enquanto Marconi e Célio pediam desculpas, Nilton gritava:
- Mas a casa não tá alugada a papai?
- Tá mas eu aluguei foi para morar, não foi pra bater macumba não. E ainda mais que estou de luto.
Nesse momento eu fui chegando pela porta da frente, com jeito de curioso. A proprietária apontou o dedo na minha direção e falou:
- Taí outro irresponsável sem futuro!

Na minha reação eu falei:
- Êpa! Eu não tenho nada a vê com isso não. Eu tou chegando agora.
- Tá chegando agora porque atrasou-se. Mas você faz parte da mesma gangue.

Com aquela zoada o nosso amiguinho Fernando chorava que desciam lágrimas. Eu peguei o garoto nos braços, me aproximei de Maria Edite e falei:
- Tá vendo o que a senhora fez? A criança chora que corta a voz.
- E eu com isso? Eu não sou babá não. Tá com pena leve ele pra sua avó dar de mamar a ele!

2 comentários:

  1. Mundim.

    Que historia mirabolante. Mas voces contribuiram grandemente para o atual carnaval assim nasceu a charanga que depois se transformou em bloco e hoje abrilhanta o nosso carnaval.

    ResponderExcluir
  2. É Raimundinho, tu é sem futuro é de longe, nêgo,,,Kkkk!
    Um beijo grande virtualmente no seu coração malandro e carnavalesco!

    ResponderExcluir