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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

A Islândia, a Hungria e o Brasil -- por Armando Lopes Rafael


A crise econômica que se abate sobre a Europa veio se juntar à crise moral, esta há décadas corroendo a população daquele continente. Como a mídia sonega informações necessárias a uma avaliação concisa sobre a grave situação vivida pelos europeus, procurei ler – em livros, revistas e na Internet – algo adicional para o entendimento destes problemas.

1. Chamou minha atenção duas nações daquele continente. Uma delas, a Islândia, pequeno país localizado numa ilha congelada e cheia de vulcões. A Islândia não tem matéria-prima. Importa quase tudo que consome. Mas manufatura e exporta a matéria-prima comprada. Por isso, a Islândia – em 2008 – ultrapassou a Noruega e passou a liderar o desempenho mundial no Índice de Desenvolvimento Humano–IDH. Este índice – elaborado anualmente pela ONU – traduz a capacidade de uma nação gerar riqueza e transformá-la em bem-estar para sua população.

2. Já a Hungria – país que viveu debaixo do chicote e da ponta das baionetas da extinta União Soviética de 1945 a 1990 – após recuperar sua independência tem trilhado um caminho diferente das demais nações europeias, entregues à sociedade de consumo e à dissolução dos costumes. Li na revista Catolicismo – número de fevereiro de 2012 – que a partir de 1º de janeiro último, a Hungria revogou a antiga constituição comunista e promulgou uma nova, esta aprovada pela imensa maioria do Parlamento húngaro. Segundo a revista, a nova Constituição “invoca em seu preâmbulo a bênção de Deus para os húngaros, menciona a Coroa do Rei Santo Estevão, como símbolo do Estado, incentiva a natalidade através da redução de impostos, não reconhece a “união homossexual” como constituindo família e proíbe a adoção por parte dos homossexuais”.

Essa decisão do povo húngaro, como era de esperar, provocou a ira das esquerdas de todo o mundo. A União Europeia, afundada na maior crise econômica desde a Segunda Guerra Mundial, ameaçou retaliar o governo da Hungria se este não revogasse as medidas morais inseridas na nova Constituição. No entanto, uma passeata realizada em 21 de janeiro, com a presença de mais de meio milhão de húngaros, percorreu as ruas de Budapeste apoiando a nova Constituição e o governo.

3. E o Brasil? Nosso país é o quinto maior território do mundo. Além do mais, é riquíssimo em recursos minerais. Atualmente, 55 minerais diferentes são exportados pelo Brasil, que é o terceiro maior exportador de produtos agrícolas do Planeta, e ainda detém cerca 12% da reserva de água potável do mundo.

Com o seu tamanho de gigante, com sua riqueza imensa, com um povo trabalhador e ordeiro, o Brasil ocupa, no entanto, o humilhante 84º lugar no Índice de Desenvolvimento Humano–IDH. Pior: a população brasileira vive saturada com as constantes denúncias de corrupção da sua descreditada a classe política. Os partidos políticos no Brasil, não servem ao povo. As siglas se servem das benesses do poder e vivem engalfinhadas no clientelismo e indiferentes aos imensos problemas da nação, como o precário funcionamento da educação, da saúde e da segurança públicas. Existem cerca de 17 milhões de brasileiros que vivem na faixa da miséria e temos mais de 16 milhões de analfabetos...

Diante dos exemplos da Islândia e da Hungria, a realidade social e econômica do Brasil dói – e como dói! – nos corações das pessoas que ainda amam esta querida e sofrida pátria...
Texto: Armando Lopes Rafael

2 comentários:

  1. Prezado Armando.

    O problema maior de uma justiça nomeada é que no Brasil todo politico tem "rolos" e pra receber amparo da justiça tem que ficar do lado de quem pode pedir o favor da justiça, ou seja de quem indicou os juizes.

    Exemplo: Paulo Maluf estava na cadeia. Quando o seu partido,(60 deputados Federais ), aderiu ao Lula ninguem mais importunou o Maluf. O homem saiu beijando a testa do Arlindo Glinalia no plenario da Camara Federal, rindo com o tempo. Uma tristeza, mas é verdade.

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  2. Que maravilha o preâmbulo da Constituição da Hungria!

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