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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Valério reclama que está sofrendo um 'linchamento - Por EDUARDO KATTAH

Enquanto sofre seguidas condenações no julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal, o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza calcula os passos e ao mesmo tempo busca uma saída para tentar atenuar possíveis penas. A pelo menos duas pessoas com quem falou na última semana, Valério reclamou muito pelo fato de o Supremo tê-lo condenado por peculato. O empresário sustenta que não foram utilizados recursos público nas transações.

Valério evitou nos últimos dias aparecer em seu escritório, na capital mineira. Ele foi orientado pelo advogado, Marcelo Leonardo, e pelo amigo e ex-sócio Rogério Tolentino, também réu do mensalão, com quem divide a sala, a não comparecer ao local para evitar os jornalistas que faziam plantão em frente ao prédio.

Quem o viu recentemente, contudo, disse não tê-lo encontrado abatido nem choroso. Valério dirige o próprio carro, costuma buscar o filho na escola e frequenta a casa de parentes. Recentemente foi à casa de uma prima para assistir a um jogo do Atlético Mineiro, seu time no futebol. Mas vive um drama familiar. Se desentendeu com a mulher, Renilda Santiago, e deixou a confortável casa de ambos na Pampulha, região norte de Belo Horizonte, para morar em um flat.

Amigos que foram recebidos por Valério nos últimos dias disseram que o empresário preferia não assistir ao julgamento do mensalão pela televisão - quem acompanha cada segundo das sessões é Tolentino, que se autodenomina o "elo entre os advogados dos réus" do mensalão e afirma conhecer cada folha do processo.

Mas na semana passada o empresário desabafou ao conversar por telefone com o ex-deputado Virgílio Guimarães - petista que assume manter laços de amizade com o chamado operador do mensalão e foi responsável por apresentar o então dono das agências de publicidade SMPB e DNA à cúpula do partido. "Ele já teve um linchamento moral", disse Virgílio. "Eu vi ele reclamando por ser condenado por coisas que não fez. (Está) Totalmente indignado, mas com o Supremo, não com o PT", alega o ex-deputado.

Entre petistas mineiros, contudo, a reportagem da revista Veja, segundo a qual Valério teria dito a interlocutores próximos e familiares que Lula era de fato o "chefe" do esquema e a movimentação de recursos teria chegado a R$ 350 milhões, foi vista como uma clara ameaça. No partido a suposta reação de Valério criou "um clima de alerta" por entender que o empresário está "acuado" e sem perspectivas de se livrar da cadeia.

Delação. A defesa do empresário admite que ele poderá recorrer ao instrumento da delação premiada caso seja instaurada uma nova investigação sobre fatos relacionados ao mensalão. Partidos de oposição anunciaram na semana passada que deverão pedir ao Ministério Público investigações sobre o suposto envolvimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no mensalão logo após a conclusão do julgamento no STF.

"Eventualmente pode acontecer, se houver novas investigações ou coisa parecida ou algum outro procedimento ele pode (recorrer à delação premiada)", disse Leonardo. Embora juízes criminais observem que não há previsão legal de um procedimento específico para a delação, podendo ela ocorrer até na fase de execução da pena, o advogado afirma que não acredita que seja possível fazê-la na ação em julgamento no Supremo. 

Um comentário:

  1. Marcos Valério e o PT se merecem, se igualam, dificil saber qual o mais seboso. Nessa historia, até agora, apenas o STF se salva.

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