Dr. José Correia Ferreira, um médico em 1936. O segundo filho da terra, o primeiro foi o seu tio Dr. Leandro Correia Lima, 1915.
Clientes é o que não faltavam. Entra com o marido, um sujeito afogueado, torado no grosso, olhos de espanto, chapéu de couro, toco de cigarro de palha no canto da orelha, jeito de quem está vendo alma, por todos os lados. A mulherzinha parecia a alma que procurava. pequena, magra, amarela, cabelos zangados, uns "tics" no canto direito da boca, pra completar a coisa mais encabulada do mundo. Sentindo seu jeitão e a dificuldade que teria em lhe ouvir as queixas, procurei deixa-la a vontade.
Depois de perguntar umas quatro vezes de que se queixava sem que ela desse uma palavra, perguntei ao marido: Sua Mulher é surda e muda? Não Fala? Foi então, que ela rompendo o mutismo, falou: minha doença quem sabe é Zé.
O Homem pegou pressão, assim como quem está foleando formiga, e foi falando, ora soprando pra fora, ora, aspirando pra dentro.e tome verbo:
Seu doutor, esta mulher está se acabando viva. Não drome, não come, não tem sustança pra nada e tem uma dor de cabeça afitiva que quando dá na testa da pobrezinha só falta correr doida.
A muito custo conseguir tomar a pressão, examinar-lhes os olhos, sentir-lhe o pulso. Ela todo tempo se esquivando, se encolhendo, se afastando no mais inocente e desnecessário recato.Passado a receita, explicado repetidas vezes como usar os remédios, se foram com Deus e a Virgem Maria.
Decorridos umas três semanas, noutro dia de feira, volta o Zé e de melhor aspecto. Ao me ver, foi logo dizendo: Vim só lhe dizer, meu doutor, "qui a muié tá muito amiorada. quaje boia mermo".
Deus ti proteja.
Hoje não encontramos mais médicos como no passado. Hoje temos analisadores de exames.
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