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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quarta-feira, 19 de março de 2014

Alianças pragmáticas - Por Merval Pereira, O Globo


A crise entre o PT e o PMDB está servindo de mote para o presidenciável Eduardo Campos assumir cada vez mais a postura de candidato de oposição, e não apenas ele. A sua provável vice, ex-senadora Marina Silva, segue na mesma batida, ela que, na eleição de 2010, não assumiu a condição de oposicionista nem no primeiro turno e talvez por isso não tenha ido mais longe do que foi. No segundo, recusou-se a apoiar qualquer dos candidatos, iniciando a pregação contra PT e PSDB, colocando-os no mesmo nível.

Eduardo Campos, para dar a ideia de como vê o governo de coalizão de que participou até recentemente, diz que a presidente Dilma distribui cargos e ministérios como quem distribui bananas e laranjas. Já Marina diz que a crise é exemplar da disfuncionabilidade do sistema.

Os dois têm razão: no Brasil, uma interpretação distorcida do que seja o papel dos partidos políticos no apoio a um governo levou a que a corrupção e o fisiologismo se tornassem elementos fundamentais da chamada “governabilidade”.

O problema será como a dupla PSB/Rede vai lidar com essa distorção que já está introjetada na vida pública brasileira. Agora mesmo estamos vendo as dificuldades enfrentadas pelos dois para definir os palanques estaduais. Os critérios de Campos são bem mais elásticos do que os da Rede de Marina, e ajustar esses pontos de vista para tirar da união o melhor efeito eleitoral é tarefa delicada.

Há na Rede a ideia de que é preciso dar limites a Campos, acostumado que estaria às práticas antigas da política. Já no PSB há a certeza de que é preciso adequar os anseios da Rede às realidades regionais para viabilizar eleitoralmente a chapa.

O caso de São Paulo é emblemático de como transformar limão em limonada. O veto de Marina ao apoio ao governador tucano Geraldo Alckmin a princípio trouxe problemas para Campos, pois a maioria esmagadora do PSB paulista queria apoiar o PSDB.

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