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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Delcídio tenta anular gravação que o encrencou - Por Josias de Souza

Delcídio Amaral desempenha no enredo da Lava Jato o papel de cego em tiroteio. Passada a fase de estupefação com a prisão, o senador namorou com da delação premiada. Apeado por Dilma do posto de líder do governo, tachado por Lula de “idiota” e suspenso dos quadros do PT, ele ameaçou levar os lábios ao trombone. Por alguma razão, faltou-lhe o sopro. Agora, sem ter o que dizer em sua defesa, investe na desqualificação da prova-mãe do inquérito em que é protagonista.

Delcídio virou sócio-atleta da Lava Jato graças à gravação de conversa que manteve com Bernardo Cerveró, filho do petrodelator Nestor Cerveró. A defesa do senador prepara petição em que sustenta que a fita foi produzida em condições ilegais. Levanta a suspeita de que a PF ou a Procuradoria tenham preparado a arapuca em que Delcídio caiu. Argumenta, de resto, que o filho de Cerveró não é parte do processo. Nessa linha de raciocínio, a gravação só poderia ter sido feita com autorização do STF, o foro em que são processados os congressistas.

Por ora, a tática da defesa serviu apenas para realçar o tamanho do enrosco em que se meteu Delcídio. O inédito encarceramento de um senador no exercício do mandato fará aniversário de dois meses na próxima segunda-feira (25). E o preso ainda não sabe como explicar o conteúdo da conversa que soa na fatídica gravação.

Pudera! Na fita, a pretexto de comprar o silêncio de Nestor Cerveró, Delcídio informa ao filho do ex-diretor da Petrobras que teria acesso a quatro ministros do STF —com a ajuda do “Michel” e do “Renan”. Esclarece que providenciaria junto ao banqueiro André Esteves, do BTG Pactual, um mensalão de R$ 50 mil para a família Cerveró, além de recursos para custear a fuga do patriarca até a Espanha, depois que a quadrilha arrancasse um habeas corpus do STF libertando Cerveró da cadeia.

Nesse contexto, Delcídio não tem mesmo muitas alternativas. Falhando a tática do tumulto processual, ou vira colaborador da Justiça ou está frito.

Um comentário:

  1. A expressão do próprio Delcídio - Centrar no STF. Hoje fica um pouco difícil o STF anular provas que o incriminam. Seria a confirmação do que sustentou o Delcídio na gravação.

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