Dom Bertrand de Orléans e Bragança na avenida Paulista no dia da votação do impeachment
Fonte: jornal "Folha de S.Paulo" -- Rodrigo Vizeu (Editor-Assistente da seção "Poder")
Vai achando que é só plebeu que protesta em Copacabana e na
Paulista.... Entre a fauna que ganha visibilidade nas manifestações
contra Dilma Rousseff, talvez já tenham chamado a atenção do leitor
esporádicas bandeiras do Brasil imperial –na qual o globo azul é
substituído por brasão e coroa. Portando os estandartes estão os
monarquistas brasileiros, que querem aproveitar o clima de uma pátria
desunida para propor uma solução que olha para trás: por que não
aproveitar para restabelecer o regime deposto por republicanos há 127
anos?
O monarquismo brasileiro tem à frente os descendentes de dom Pedro 2º,
imperador morto no exílio. Sua voz mais ativa hoje é dom Bertrand de
Orléans e Bragança, 75, trineto de dom Pedro e segundo na hipotética
linha sucessória do trono nacional. Chamado de alteza por assessores,
Bertrand toca o movimento devido à saúde debilitada do irmão mais velho,
Luiz, 77. O príncipe nasceu na França –da qual guarda discreto
sotaque– e já estreou nos atos de rua, sendo parado para selfies por
súditos em potencial. Embora propague o caráter suprapartidário que deve
ter o monarca de um renascido império, Bertrand concentra suas críticas
no PT, que vê como artífice de um plano para impor o socialismo ao
país.
"Nossa bandeira é verde e amarela e jamais será vermelha", repete
incessantemente o príncipe em discursos e pronunciamentos pela internet.
Do alto de um carro de som, repudiou "os que têm como intenção
implantar na nossa pátria o que fracassou do outro lado da cortina de
ferro". Em conversa com a Folha em janeiro, o possível chefe do Poder
Moderador disse apoiar os atos de rua, mas distingue "movimentos
agitadores pagos, como MST" do "Brasil autêntico, que trabalha e dá
certo".
SOLUÇÃO REAL
É na insatisfação atual que o príncipe vê margem para atrair adeptos à
ideia de recolocar os Orléans e Bragança na chefia do Estado. Ele diz
que há cada vez mais interessados na causa, promovida on-line e nos
protestos, com panfletos que destacam as virtudes da restauração.
Ele compara a tensão de eleições presidenciais a uma briga em família,
na qual os filhos –no paralelo, os cidadãos– "perdem aquele respeito que
têm em relação aos pais" (os políticos). "Ao passo que a monarquia
garante unidade, estabilidade e continuidade", explica. "O Brasil está
com saudade de um regime que faça à nação o que uma nação deve ser: uma
grande família com destino comum a realizar." "Quando brasileiros bradam
'Quero meu Brasil de volta', bradam 'Eu quero o Brasil do Cristo
Redentor e de Nossa Senhora Aparecida'", resume.A retórica religiosa
–presente, diga-se, desde os imperadores e a princesa Isabel– perpassa o
discurso da família, que ainda hoje prepara seus descendentes para
reocupar o trono.
QUE REI SOU EU?
Na
prática, Bertrand propõe um regime "na linha do Segundo Reinado, mas
atualizado de acordo com as circunstâncias". A tese de que deve ser um
descendente dos imperadores do século 19 a portar a coroa rediviva não é
consenso nem entre eles.
Dom João
Henrique de Orléans e Bragança, 61, de outro ramo da família, diz que
ninguém pode impor isso ao país. Ele, que tem uma pousada em Paraty e é
habitué dos protestos da orla carioca, diz ser, mais do que monarquista,
parlamentarista. Mas argumenta que o sistema funcionaria melhor com um
rei, mais neutro como chefe de Estado do que um presidente.
Apesar
de não fazer questão que um dos seus reine, João ressalta: "As famílias
reais são educadas desde pequenas com princípios que dizem respeito ao
Brasil, às instituições, à democracia, e isso tem um peso público
enorme. Ninguém de nós teve funções político-partidárias". Agora, dá
mesmo para sonhar com um retorno do rei –já rejeitado em plebiscito em
1993, quando a monarquia só teve 10% dos votos?
Mais
uma vez, Bertrand busca inspiração no passado. Conta que no fim da
União Soviética eram comuns cartazes dos czares e a bandeira imperial
entre a multidão. O regime não foi substituído pela volta dos Romanov,
mas o príncipe ainda gosta do paralelo. "Os brasileiros começam a se
perguntar: 'Valeu a pena a República?".
Dom João de Orléans e Braganca nos protestos contra o governo do dia 16 de agosto
Prezado Armando Rafael - Hoje eu sou um defensor da Monarquia. Porém, acho que, no Brasil, ainda não seria bem sucedida. Os súditos são de péssima qualidade. O Povo capaz de destruir uma republica faria o mesmo com qualquer outro regime.
ResponderExcluirComo bem afirmou Dom Bertrand de Orleans e Bragança em entrevista ao jornal “Estado de S.Paulo”: “A história é pendular. A época das utopias se foi, próximo passo é retornarmos aos tempos do Imperador, que é uma figura suprapartidária e educada para servir a nação, não se servir da nação”
ResponderExcluirNão me canso de repetir que uma família real sai muito mais em conta para o país do que um presidente "operário"...
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