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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


sábado, 2 de julho de 2016

José Martiniano de Alencar, senador e presidente da Província do Ceará




José Martiniano de Alencar nasceu no sítio Lambedor, à época pertencente a Crato, hoje município de Barbalha, em 16 de outubro de 1794. Faleceu no Rio de Janeiro em 15 de março de 1860, vítima, provavelmente, de infecção Tifóide. Filho de dona Bárbara de Alencar e pai do consagrado romancista José de Alencar, o padre José Martiniano de Alencar - aos 22 anos e sete meses de idade - foi o principal responsável pelo movimento que proclamou em Crato, em maio de 1817, um governo revolucionário republicano.

O jornal "O Povo", de Fortaleza, edição de 29 de dezembro de 1994 ("1994 é o ano do bicentenário do pai de Alencar", folha 3-B) publicou matéria sobre Alencar onde consta:

“Tão marcante quanto controvertida, a figura pública de José Martiniano de Alencar deixa dúvidas para a posteridade. É acusado de ter sido covarde - teria negado no seu julgamento a participação no movimento do Crato, imputando a seu irão Tristão Gonçalves todo o erro. Já o seu sobrinho, o conselheiro Tristão Araripe, em artigo publicado no "Diário de Pernambuco", afirma que Alencar contestou a utilidade do movimento "ponderando os perigos de desmembramento do Império e da aceitação do princípio democrático puro", mas convencido pelo irmão tomou parte na revolução e jamais negou a autoria dos próprios atos.

(Esclarecemos que a participação de José Martiniano de Alencar no movimento revolucionário acima citado refere-se à “Confederação do Equador de 1824” e não ao episódio da “Revolução Pernambucana de 1817”, que ele havia liderado em Crato). 

Continuamos a transcrição da matéria do jornal "O Povo":
Controvérsias à parte, José Martiniano de Alencar conseguiu de alguma forma voltar às boas com o poder político da época já que em agosto de 1834 é nomeado o sétimo presidente do Ceará e em 1841 assume a cadeira no Senado. Nessa época, apresentou um projeto que foi motivo de grande polêmica. Queria dividir o Ceará e criar uma nova província, o "Cariri Novo", mas segundo o historiador José Aurélio Saraiva Câmara o verdadeiro objetivo era diminuir a zona de ação de seus adversários e implantar um império próprio no sul da província.

Nomeado novamente presidente do Ceará, esquece o projeto - não tinha interesse de dividir a província e diminuir seu poder. O historiador Airton de Farias sintetizou bem: "Se a insurreição de 1817 diminuiu o ímpeto de Alencar, o insucesso de 1824 foi o ocaso do revolucionário.Ao contrário do irmão Tristão Gonçalves e de tantos outros companheiros, o filho de Dona Bárbara trocaria o ideal de criar uma república liberal pela sobrevivência física e política. Faltou-lhe a coragem de se manter fiel a princípios e arcar com as consequências. Veio à tona definitivamente uma das características de sua vida pública que se manifestaria outras vezes: o oportunismo. Aceitou a cooptação da monarquia". 

(Postado por Armando Lopes Rafael)

2 comentários:

  1. Prezado Armando Rafael - Se José Martiniano de Alencar tivesse a desventura de passar nas proximidades da Igreja da Sé e visse o que fizeram com a mãe dele ficaria indignado. Não sei de quem foi a ideia nem quem fez aquele boloto de barro ou de não sei o que. Uma indecência com a Dona Barbara.

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  2. Segundo me disse a sua conterrânea, Otonite Cortez (ex-reitora da URCA) a "brilhante ideia" partiu do Prefeito de Crato, RonaldoGomes de Matos--"O fenômeno" (ou o ex-fenômerno)... Só no Crato mesmo!

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