Em entrevista a VEJA, Mendonça Filho afirma que notas ruins são resultado de muito marketing e pouca ação
Há quatro meses na cadeira de ministro da Educação, o pernambucano José Mendonça Bezerra Filho, 50 anos, cumpriu nesta quinta-feira a via- crúcis de seus antecessores: vir a público anunciar outra nota vermelha para o ensino básico.
A divulgação do Ideb, o termômetro oficial da qualidade na sala de aula, mediu a evolução em escolas públicas e particulares entre 2013 e 2015 – ou a involução, no caso do ensino médio. Deputado federal licenciado pelo DEM, Mendoncinha contou a VEJA o que pretende fazer em sua gestão para reverter a curva.
O que pensou quando viu o monte de notas vermelhas do Ideb?
Frustração e vergonha. É claro que um país com essa defasagem não conseguirá dar um salto. Muita gente celebrou os avanços nas primeiras séries do ciclo fundamental.
O senhor não?
Não. Com esse desastre, não há o que comemorar mesmo.
Por que a educação brasileira não sai do buraco?
Na última década, as iniciativas foram mais focadas no lado midiático e em políticas pulverizadas, que atiraram para todos os lados. Sobrou marketing e faltou transformação social para valer.
Mas o PT criou diversos programas voltados para os mais pobres, como o Fies e o Prouni. Esses programas serão preservados, mas olhe o Ciência sem Fronteiras, que enviou jovens universitários ao exterior, uma das bandeiras petistas: dragou 3 bilhões de reais para atender 35 000 alunos — o mesmo dinheiro que custa todo o programa de merenda escolar, que chega a 39 milhões de estudantes. Os grandes números demolem a ideia de que o foco petista foi nos mais pobres.
A que números o senhor se refere?
Enquanto o ensino superior recebeu 30 bilhões de reais dos cofres federais, o básico ficou com um terço disso. Faltou atenção às escolas públicas.
Também faltou dinheiro?
Mais dinheiro sempre ajuda, mas o maior problema é usá-lo de forma apropriada. O Ideb mostra que, infelizmente, isso não vinha acontecendo.
O que pretende mudar para livrar o Brasil do fracasso escolar?
Um ponto estratégico é transformar o ensino médio, hoje engessado e ineficiente. Ele precisa ser mais flexível e atraente para o aluno.
Há chances políticas de um plano como esse, que fere tantas corporações, passar no Congresso? Acredito nisso e estou trabalhando por isso.
O Enem acompanhará essas mudanças?
Nesta edição fica tudo igual. Mas haverá mudanças no Enem, que serão consequência da transformação do próprio ensino médio. Muitas escolas e até redes de ensino não levam o Ideb em consideração.
Será que agora servirá de alerta?
Acho que a educação está virando um tema para os brasileiros, que já fazem pressão por avanços. Espero que entre de uma vez por todas na agenda dos futuros prefeitos.
Ontem, no supermercado eu comprei um mamão. A balança apresentou no visor o valor : 8,00. Dei uma cédula de 10,00 ao caixa. Ela apanhou uma maquina de calcular, colocou os 10,00 menos 8,00 para saber que o troco era 2,00....
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