Com
uma homilia que emocionou os participantes da missa de exéquias
celebrada hoje, dia 7 de abril, antes do sepultamento do quarto bispo da
diocese de Crato, dom Gilberto Pastana definiu dom Newton Holanda
Gurgel como “um homem dotado de grande simplicidade”, que viveu
intensamente as palavras do seu lema episcopal (Combate o bom combate), “com seriedade, com alegria e o bom humor que o caracterizavam”.
Mesmo
com a dor do pesar e da saudade, próprias de um funeral, dom Pastana
convidou os fiéis a recordarem que, dom Newton, “durante sua longa vida,
viveu seu ministério sacerdotal com amor, seriedade e responsabilidade,
dentro de uma simplicidade serena e uma paciência exemplar”.
Dom
Gilberto ainda relatou um dos momentos de sua convivência com dom
Newton. “Sou-lhe muito grato pela sua cordial e fraterna visita feita a
mim, na residência episcopal, dizendo-se devedor da visita que lhe
fizera, para na verdade, partilhar comigo sua experiência vivida, suas
alegrias e tristezas como pastor desta diocese”, falou.
Confira parte da homilia:
Combate o bom combate.
Com
estas palavras, que se tornaram o lema episcopal do já saudoso 4º Bispo
de Crato, Dom Newton Holanda Gurgel, convido a todos para render graças
a Deus pela vida deste sucessor dos apóstolos, que durante sua longa
vida de sacerdote e bispo prestou serviços unicamente a esta Igreja
Particular de Crato. Dom Newton viveu intensamente o significado das
palavras do seu lema episcopal, com seriedade, com alegria e o bom humor
que o caracterizavam.
Era um homem dotado de grande
simplicidade… É, pois, com grande pesar e sob forte emoção, que estamos
todos aqui para rezar, agradecer e prestar esta última homenagem ao
quarto pastor diocesano de Crato.
A celebração de um funeral,
geralmente, é carregada de pesar e saudades. Isso é bem compreensível,
pois somos humanos e sentimos a dor pela partida de um irmão e amigo.
Até Nosso Senhor Jesus Cristo chorou quando soube da morte do seu amigo
Lázaro.
No entanto, ao lado do nosso pesar, conforta-nos recordar
que, durante sua longa vida, viveu seu ministério sacerdotal com amor,
seriedade e responsabilidade, dentro de uma simplicidade serena e uma
paciência exemplar.
No exercício do seu múnus sempre se comportou
como um bom pastor: aquele que conhecia suas ovelhas e suas ovelhas o
conhecia. Sempre agiu consciente do seu dever e viveu em comunhão de
caridade com todos. Ao longo de sua vida sacerdotal e, principalmente,
como bispo manteve sempre respeito e obediência aos seus superiores.
Sempre compenetrado, disciplinado, nunca feriu qualquer semelhante,
nunca faltou com a caridade a quem quer que fosse. Era extremamente
responsável nas suas atribuições.
Por outro lado, vale a
reflexão, é sempre oportuno recordar que a vida – para quem crê em
Cristo Jesus – não se perde com a morte. Jesus é a ressurreição e a
vida! E quem nele crê, ainda que esteja morto, viverá. Ademais, a
Palavra de Deus ilumina e nos conforta ante ao mistério da morte. Com
São Paulo aprendemos que, estando com Cristo, nossa vida está assegurada
por Jesus. “Se morremos com Cristo, cremos que também viveremos com
ele”, conclui São Paulo.
Por isso, decorridas algumas horas do
trânsito de Dom Newton para os umbrais insondáveis da eternidade,
estamos aqui para encomendar a Deus, que é Pai de Misericórdia, a alma
deste bispo fiel, pedindo ao Senhor que conceda a paz a quem o serviu
tão intensa e generosamente.
Registramos, também, a nossa
homenagem de gratidão a Dom Newton. Espontaneamente trazemos ao coração a
memória de todo bem e de tantos acontecimentos da sua vida que marcaram
fortemente a história desta Diocese de Crato.
Nos últimos anos
de sua existência, como bispo-emérito, animava-o a Palavra de Cristo –
“Eu venci o mundo; estarei convosco”. Animou-o também a certeza de que o
Espírito Santo, prometido e enviado por Jesus e pelo Pai, jamais
abandona aqueles que lhe são fiéis.
Sou-lhe muito grato pela sua
cordial e fraterna visita feita a mim, na residência episcopal,
dizendo-se devedor da visita que lhe fizera, para na verdade, partilhar
comigo sua experiência vivida, suas alegrias e tristezas como pastor
desta diocese.
Por fim, devemos recordar que – mesmo aposentado
de suas funções episcopais – Dom Newton tinha consciência de que o
Bispo, como os Apóstolos, continua a sentir, em seu viver cotidiano, o
tesouro das riquezas de seu “apostolado”.
Ano passado, por
ocasião de seu natalício, proferiu palavras iluminadas sobre a vida: “A
nossa vida não é suficiente para agradecermos o primeiro momento de
nossa existência. Tudo é misericórdia de Deus”. Dom Newton o senhor está
agora vivendo o segundo momento da sua existência, a vida eterna.
Poucas
pessoas se dão conta de que esta Diocese de Crato foi erigida pela
decisão de um Santo – São Pio X – que faleceu antes de assinar a bula de
criação, cabendo, pois ao seu sucessor – Bento XV – fazê-lo. É por
isso, e unicamente por isso, que nossa diocese foi a primeira a ser
criada poucos dias após o do pontificado do Papa Bento XV.
Certamente
por isso, durante sua existência esta Igreja Particular de Crato teve a
grande bênção de contar sempre com bons pastores.
Os quatro
primeiros bispos de Crato, todos já falecidos – o sábio e ousado Dom
Quintino; Dom Francisco, o homem de Deus; o dinâmico e empreendedor Dom
Vicente e o simples, prudente e extremamente organizado Dom Newton,
todos eles, por um desígnio da Providência, dormem agora o sono da paz
no mesmo lugar, nesta Catedral, à espera da ressurreição final.
Um
fato raro na história de uma diocese: ter seus primeiros quatro bispos
sepultados no solo sagrado da sua catedral. Certamente outra bênção de
Deus para esta Igreja Particular do sul do Ceará.
Por fim,
gostaria de dizer que nesta celebração, encomendamos ao amor
misericordioso de Deus este nosso irmão, Dom Newton Holanda Gurgel, que
foi ornado com tantas graças, dentre elas a do sacerdócio e a do
episcopado, ambas utilizadas para o benefício dos fiéis. Com nossas
preces e súplicas pedimos que o Senhor, caminho, verdade e vida o acolha
em suas moradas, na Jerusalém celeste, ao tempo que apresentamos também
a vida exemplar de Dom Newton; as incompreensões tão comuns sofridas
por todos aqueles que exercem a árdua tarefa de Bispo. Apresentamos, por
fim, os sofrimentos que Dom Newton suportou, o bem que realizou e todo o
serviço prestado à Igreja no serviço de Cristo, o Bom Pastor.
Descanse em paz!
Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo.
(*) Patrícia Silva, jornalista. Trabalha na Assessoria de Imprensa da Diocese de Crato.
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