Ex-executivo Hilberto Mascarenhas entregou à PGR tabela com valores movimentados entre 2006 e 2014
Com um propinoduto oceânico, a empreiteira comprou as cúpulas do governo, do Congresso e dos principais Estados – um verdadeiro poder paralelo
Marcelo Odebrecht, ex-presidente do grupo: “Essa questão de eu ser um grande doador é o quê? No fundo, é abrir portas. Tudo o que eu pedia gerava uma expectativa enorme de retorno” (Reprodução/VEJA)
É espantoso: o Brasil vivia sob um cleptocracia cujas dimensões só agora começam a ser reveladas com nitidez – e o susto é generalizado. De tudo o que veio a público ao longo da semana passada, salta aos olhos que a República Federativa do Brasil talvez pudesse ser chamada de República Federativa da Odebrecht. A empreiteira, que cresceu inigualáveis 520% em dez anos antes da Lava-Jato, superando multinacionais como a Microsoft, literalmente comprou a cúpula do governo, a cúpula da Câmara, a cúpula do Senado e a cúpula dos principais governos estaduais.
Comprou, à base de propinas ou dinheiro clandestino para campanhas, o poder nacional. Ao depor sobre o esquema, o empresário Emílio Odebrecht disse o seguinte: “A recente história do capitalismo brasileiro, desenvolvido ao longo das mesmas décadas nas quais a Odebrecht nasceu e se desenvolveu, nos mostra que essa interação entre o poder público e os agentes privados só foi possível porque as duas partes aceitaram jogar o mesmo jogo.”
E que jogo! Nele, tudo podia ser comprado e vendido.
Espantoso é observar como os bandidos falam de seus crimes. Desenvoltura de quem tem a absoluta certeza que não há justiça a puni-los.
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