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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quinta-feira, 27 de julho de 2017

De volta às ruas? - Por Paulo Guedes.

Há um cálculo político nas ruas vazias. A Velha Política morre em 2017 por excesso de provas. A Nova Política nasce com as eleições em 2018

O receio de que haja retrocesso nos resultados da Lava-Jato está no ar. Gilmar Mendes soltou José Dirceu, Marco Aurélio soltou Aécio Neves, Edson Fachin soltou Rocha Loures e o Judiciário de Porto Alegre absolveu João Vaccari. 

As gravações de Joesley teriam persuadido Temer: ou se salvam todos das guilhotinas, ou não se salva ninguém. A salvação das criaturas do pântano seria agora tentada por articulações com eminências que já aderiram à politização da Justiça e por novas indicações do presidente para o Ministério da Justiça e para a Procuradoria-Geral da República.

Pouco importa se procede essa versão dos fatos; o importante é que a perversidade da política se tornou a versão aceita pela opinião pública, após abundantes evidências de corrupção sistêmica. 

Os esforços das autoridades em favor da própria impunidade e sua omissão na reforma de práticas degeneradas apenas confirmaram essa versão da “banalidade do mal” no imaginário de uma maioria de eleitores já descrentes.

Mas a boa notícia é que não prevalecerão os que trabalham nas sombras. Pois segue em pleno funcionamento a busca de transparência como algoritmo de uma sociedade aberta em construção. Estagnação e corrupção levaram o povo às ruas para exigir mudanças. O governo Temer prometeu reformas e, apesar de sua inédita impopularidade, desfruta uma sensata trégua para tentar remediar a caótica situação herdada.

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