Há um cálculo político nas ruas vazias. A Velha Política morre em 2017 por excesso de provas. A Nova Política nasce com as eleições em 2018
O receio de que haja retrocesso nos resultados da Lava-Jato está no ar. Gilmar Mendes soltou José Dirceu, Marco Aurélio soltou Aécio Neves, Edson Fachin soltou Rocha Loures e o Judiciário de Porto Alegre absolveu João Vaccari.
As gravações de Joesley teriam persuadido Temer: ou se salvam todos das guilhotinas, ou não se salva ninguém. A salvação das criaturas do pântano seria agora tentada por articulações com eminências que já aderiram à politização da Justiça e por novas indicações do presidente para o Ministério da Justiça e para a Procuradoria-Geral da República.
Pouco importa se procede essa versão dos fatos; o importante é que a perversidade da política se tornou a versão aceita pela opinião pública, após abundantes evidências de corrupção sistêmica.
Os esforços das autoridades em favor da própria impunidade e sua omissão na reforma de práticas degeneradas apenas confirmaram essa versão da “banalidade do mal” no imaginário de uma maioria de eleitores já descrentes.
Mas a boa notícia é que não prevalecerão os que trabalham nas sombras. Pois segue em pleno funcionamento a busca de transparência como algoritmo de uma sociedade aberta em construção. Estagnação e corrupção levaram o povo às ruas para exigir mudanças. O governo Temer prometeu reformas e, apesar de sua inédita impopularidade, desfruta uma sensata trégua para tentar remediar a caótica situação herdada.
Um texto admirável. Só verdades.
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