Páginas


"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quarta-feira, 6 de setembro de 2017

A triste despedida de Janot - Por Ricardo Noblat


O mínimo que o Supremo Tribunal Federal deveria fazer seria anular, no todo ou em parte, os benefícios concedidos aos executivos do Grupo JBS em troca de sua delação. O mínimo.

O máximo seria mandar prendê-los por tentativa de obstrução de Justiça. Sim, porque foi isso o que fizeram a levar-se em conta o teor da conversa bêbada travada por dois deles.

O Procurador-Geral da República Rodrigo Janot ficou mal na foto. Ao que tudo indica, seu homem de confiança, Marcelo Miller, funcionou ao mesmo tempo como procurador e advogado da JBS.

Para surpresa de Janot e dos demais colegas, largou depois o cargo repentinamente para tornar-se sócio do escritório de advocacia responsável pela defesa dos delatores.

Fez a festa dos políticos envolvidos com a Lava Jato, mas não só. Eles estão prontos para arguir a suspeição de tudo que possa comprometê-los e que tenha passado pelo crivo de Miller.

Na melhor das hipóteses, Janot deixará a Procuradoria com cara de bobo por ignorar o que se passava aos seus olhos. Na pior, de relapso por ter aprovado às pressas a delação posta agora na berlinda.

O clima na Procuradoria é de consternação. Sua imagem sofreu dano irreparável. No Supremo Tribunal Federal (STF), o clima é de indignação com Janot e com o que ele disse na última segunda-feira.

Sem revelar detalhes, Janot disse que o aúdio da conversa bêbada conteria indícios de “atos ilícitos” praticados no STF e na Procuradoria-Geral da República.

De fato, o áudio não relaciona nenhum dos três ministros do STF citados a qualquer irregularidade ou ato ilícito. Por que Janot afirmou o que estava farto de saber que não era verdade?

Os três ministros citados são Cármen Lúcia, Ricardo Lewandowski e Gilmar Mendes. Os delatores embriagados nada dizem que possam comprometê-los. Nada mesmo.

Janot se despede do cargo de maneira melancólica. E deixa em risco o que tanto fez questão de preservar – o combate à corrupção e o respeito à lei acima de qualquer coisa.

Um comentário:

  1. Lula e Dilma Rousseff compraram o apoio de Michel Temer dando-lhe cargos para arrecadar propina.

    É o que diz a PGR na denúncia contra o quadrilhão petista.

    Qual é o primeiro nome que aparece na lista de indicados por Michel Temer?

    Sim, o homem dos 51 milhões de reais.

    ResponderExcluir