Outdoor criticando Lula na entrada de Curitiba, cidade na qual o ex-presidente irá depor nesta quarta (13)
Mais um capítulo das longas exéquias políticas de Luiz Inácio Inácio Lula ocorrerá nesta quarta (13) em Curitiba, quando o ex-presidente será ouvido por um Sergio Moro ainda imantado pelo caudaloso depoimento do ex-companheiro Antonio Palocci.
Se é precipitado antever qualquer fim de carreira para um resiliente como Lula, é igualmente um fato da realidade que o líder petista está caminhando lentamente para um oblívio pouco digno. Acusado de malfeito sobre malfeito, além de ter legado ao Brasil a ruína econômica que materializou-se de forma integral sob o mais vistoso de seus poste, Dilma Rousseff, Lula está encastelado na cidadela bancada por seu séquito (os tais 30% do eleitorado).
Não é casual, portanto, que o PT busque ajustar a tática para não soçobrar em 2018, estudando candidaturas alternativas à do cacique. Paradoxalmente, o deserto radioativo da política brasileira do pós-Lava Jato mantém Lula como uma variável central no planejamento de todo o cenário eleitoral.
A dúvida é: como provavelmente não estará habilitado pela Justiça a concorrer, considerando como certa a confirmação de sua condenação por Moro na segunda instância, restará saber se Lula será o cardeal a definir o conclave de 2018 mesmo não concorrendo a papa.
O PT, obviamente, aposta nisso. Sabe que Fernando Haddad, Jaques Wagner ou outro nome centrista só podem esperar ser algo competitivos, ajudando a visibilidade do partido para manter alguma bancada decente no Congresso. Hoje, ninguém dá um tostão furado para a hipótese de o petismo fechar-se em torno de um nome exógeno, como Ciro Gomes (PDT).
O entorno do prefeito paulistano, João Doria (PSDB), acredita que Lula será uma força a ser combatida mesmo ausente. Com a economia ainda na fase de ensaio de recuperação, seu grupo crê que o componente ético terá grande peso, em contraposição à corrupção associada ao PT -não ser citado na Lava Jato é um grande trunfo, nesse sentido, para o prefeito. Doria, contudo, ainda tem de se viabilizar no tucanato ou arriscar-se num perigoso voo por outra sigla.
Tal certeza sobre o peso de Lula não é compartilhada pelo governador Geraldo Alckmin (SP), que também busca firmar-se como presidenciável tucano e trabalha com a ideia de uma disputa mais pulverizada se o petista não estiver mesmo no páreo. Por isso está operando sua costura de forma mais orgânica, conversando com setores e buscando unir o partido. Seu avanço rumo a Minas não é nada casual.
Ficando nos partidos majoritários do ponto de vista eleitoral, vê-se que o cenário todo inclui Lula como ponto focal na largada da disputa. É um tijolo a mais na construção da tragédia política brasileira, que faz o país subir e descer uma escada desenhada por M.C. Escher — daquelas que nunca acabam, como num sonho ruim.
O PT não preparou uma outra opção. Os outros partidos também. Assim a desilusão é total. Os velhos de cabeça branca não soltam o osso e desejam comandar o balaio de gato de sempre.
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