É dura a vida do brasileiro que acredita na máxima segundo a qual o ser humano aprende com os próprios erros.
Horas antes do julgamento em segunda instância do processo em que é acusado de receber um apartamento tríplex como jabaculê da OAS, Lula escalou o palanque em Porto Alegre para declarar coisas assim:
“Uma vez fiquei com nojo de ver bandido falar mal do PT. De ver pessoas que eram chamadas de quadrilha falarem mal do PT. Pode ter um partido político igual, melhor não tem. Tem gente que comete erros? Tem. Mas os erros do PT, perto do erro deles, não são nada.”
A plateia reaprendeu duas lições que Lula já havia ensinado na época do mensalão: 1) O PT fez, do ponto de vista político, o que é feito sistematicamente no Brasil desde a chegada das caravelas. 2) A diferença é que os fins virtuosos do petismo justificaram os meios espúrios.
“Se tem alguém que sabe cuidar do Brasil, que sabe cuidar do povo somos nós”, jactou-se Lula, diante dos devotos que se reuniram em Porto Alegre, cidade-sede do TRF-4, para cultuá-lo. “Fizemos tudo? Não. Erramos? Erramos, mas erramos porque somos seres humanos.”
A despeito de reconhecer que também está sujeito à condição humana, a divindade do PT absolveu a si mesmo das acusações que levaram Sergio Moro a condená-lo a nove anos e meio de cana e de todas as imputações que recheiam os outros oito processos criminais que carrega sobre os ombros: “Duvido que neste país tenha um magistrado mais honesto do que eu.”
Lula tornou-se um personagem paradoxal. À medida que a rotina penal o derruba do pedestal em movimentos lentos, a glória lhe sobe à cabeça numa velocidade de truque cenográfico.
Mensalão, petrolão, apartamento na praia, sítio de veraneio, palestras de fancaria, tráfico de influência, dinheiro para o irmão, patrocínio para o filho, cargos à beira dos cofres públicos para bandidos que “falavam mal do PT”… Nada disso importa.
É errando que se aprende… A errar. Não faz sentido discutir nos tribunais se houve crimes, pois “os erros do PT, perto do erro deles, não são nada.” Sem mencionar o fato de que Lula se oferece para fazer o favor de governar o Brasil por mais um ou dois mandatos.
"A desilusão é a visita da verdade". O malandro pilantra está começando a entender.
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