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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quinta-feira, 17 de maio de 2018

Em premiação nos EUA Moro diz que prêmio é reconhecimento a todos os que combatem a corrupção.


Na primeira vez que um juiz recebe o prêmio de “personalidade do ano” da Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos, o juiz Sérgio Moro, responsável pela Lava-Jato na 13ª Vara federal de Curitiba, afirmou que a operação é uma prova do vigor da democracia. Em um discurso de 19 minutos no Museu da História Natural de Nova York, Moro afirmou que sua premiação legitima a luta contra a corrupção no Brasil:

Este prêmio também significa que o setor privado no Brasil e nos Estados Unidos apoia o movimento anticorrupção brasileiro e isso faz grande diferença — disse Moro, que foi ovacionado várias vezes e, quando subia ao palco, ouviu de ao menos um entre os mil presentes no jantar de Gala o grito de “Moro presidente!”.

RECONHECIMENTO – Moro disse ainda que aceitou a premiação por ser um reconhecimento de todos que trabalham contra a corrupção no Brasil, como outros juízes, promotores e policiais. Ele disse que, ao contrário do que parece, saber e enfrentar todos estes casos não significa um motivo de vergonha, mas de força da democracia brasileira.

A democracia não está em risco no Brasil. Há riscos de retrocesso, mas não acredito que eles ocorrerão. Os Estados Unidos podem apostar no Brasil como nós apostamos — disse.

A 48ª Premiação da Câmara de Comércio também homenageou o empresário e ex-prefeito nova-iorquino Michael Bloomberg, que recebeu seu prêmio mais cedo e não ficou para ouvir o juiz. Moro disse que com este combate à corrupção mais investimentos podem ir ao Brasil e disse que o país está no “caminho correto”.

EM PORTUGUÊS – No fim de sua fala, desta vez em português, Moro enviou uma “mensagem aos companheiros brasileiros”, dizendo que o país vive 30 anos de democracia e liberdade, com dois impeachment e um ex-presidente preso, mas sem “risco de ruptura”. Ele disse que o país já conquistou muito, como o fim da hiperinflação e criou políticas sociais que diminuíram a pobreza e a desigualdade:

Há muito a ser feito: continuar as reformas, consolidar a democracia, retomar o desenvolvimento, melhorar a qualidade dos servido públicos de segurança, educação e saúde e enfrentar a pobreza e a desigualdade. Tudo isso só é possível sem a impunidade da grande corrupção – disse ele.

HERÓI NACIONAL – Moro foi apresentado na premiação pelo vencedor do ano anterior: João Dória, ex-prefeito e pré-candidato tucano ao governo de São Paulo. O político apresentou Moro como um “herói nacional”, pediu “salvas de palmas de todos em pé” e disse que este é o “Brasil dos homens de bem”, criticando os que protestaram contra Moro no lado de fora do museu.

O público presente, formado por empresários, advogados, autoridades (o ministro Carlos Marun, da secretaria de governo de Michael Temer, por exemplo) e alguns acadêmicos dos dois países – cada um pagando ao menos US$ 1.200 por uma cadeira ou receberam esta possibilidade dos patrocinadores do evento – reagiu com euforia à premiação de Moro: além das palmas, muitos gravaram todo o discurso do juiz.

BEM DIFERENTE – O próprio evento estava diferente, segundo pessoas que participam da cerimônia há anos: a cerimônia começou pela primeira vez com a execução dos hinos dos dois países e o presidente da Câmara, Alexandre Bettamio, chegou a dizer em seu discurso frases típicas de Trump, ao defender que todos trabalhem para colocar “o Brasil em primeiro lugar”.

Um comentário:

  1. O mundo reconhecendo o trabalho que o bando podre do Brasil tenta desconhecer.

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