Saiu a nova pesquisa CNT/MDA. O resultado consolida uma percepção triste: o futuro do Brasil está nas mãos dos eleitores desalentados. Esse grupo se divide em dois: 29,6%, desanimados, dizem que anularão o voto ou votarão em branco; 16,1%, desnorteados, declaram que estão indecisos. Juntos, desanimados e desnorteados somam, no cenário mais provável, sem Lula, 45,7% do eleitorado. Somando-se os três candidatos mais bem-postos na pesquisa —Bolsonaro, Marina e Ciro— chega-se a um percentual menor: 38,5%.
Veja bem: se os 45,7% de eleitores sem candidato resolvessem se juntar para apoiar a candidatura de João dos Anzóis, esse presidenciável fictício entraria na disputa com mais votos do que Bolsonaro, Marina e Ciro somados. O mais triste desse cenário é o seguinte: a cinco meses e alguns dias da eleição quase metade do eleitorado informa que não se sente representada por nenhum dos candidatos oferecidos pelos partidos.
Nelson Rodrigues, o velho cronista, escreveu que “a multidão tem algo de fluvial no seu lerdo escoamento.” E as últimas pesquisas eleitorais revelam que o eleitorado brasileiro escoa lentamente na direção do brejo. Quem acha que sabe o que está fazendo coloca no topo do ranking Lula, preso em Curitiba, e Bolsonaro, preso em algum lugar da era paleolítica. Quem não sabe o que fazer tranca-se em seus rancores, sonegando votos a candidatos incapazes de articular algo que se pareça com um rumo. Triste cenário.
Analisando-se os candidatos conclui-se que nenhum deles é digno de ser presidente. O Brasil e seu povo está entregue as baratas.
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