O governo de Michel Temer faz aniversário de dois anos neste sábado. Sua Presidência começou a ser esboçada antes do impeachment. Vices são como ciprestes: crescem à beira dos túmulos. Temer desabrochou em agosto de 2015. Dilma Rousseff ainda estava viva. Mas era uma viva tão pouco militante que seu vice atirou-lhe na face uma pá de cal. Fez isso ao declarar que ''a grande missão, a partir deste momento, é a da pacificação do país, da reunificação do país''.
Dali a nove meses, em 12 de maio de 2016, Temer estava sentado no trono. Hoje, pode vangloriar-se de ter cumprido 50% de suas metas. Não conseguiu pacificar o país. Mas reunificou os brasileiros, só que contra sua própria figura. De acordo com o Datafolha, sete em cada dez brasileiros desaprovam Temer. É o presidente mais impopular do Brasil redemocratizado. Na política, virou um personagem radioativo. Na economia, é um teflon às avessas. Nada do que é bom gruda nele.
Engolfado por uma onda de impopularidade, Temer virou um gestor de crises à procura de uma marca. Autoproclamou-se “presidente das reformas”. Perdeu-se num paradoxo: manteve a cabeça nas reformas e os pés na lama. O reformismo de Temer não chegou à ética.
Temer conseguiu aprovar o teto de gastos e a reforma trabalhista. Mas a reforma da Previdência e o déficit fiscal são almas penadas que assombrarão o próximo presidente. O atual teve de priorizar duas novas metas: não cair e passar a impressão de que ainda preside.
A gestão Temer começou da pior forma, com um ministério chinfrim, loteado e convencional. Tomou o caminho do brejo com o grampo do Jaburu e a mala com R$ 500 mil que Joesley Batista mandou entregar a Rodrigo Rocha Loures. O mandato-tampão terminará de forma melancólica, com o presidente descendo a rampa do Planalto em direção à rua da amargura —rezando para não receber a visita da Polícia Federal na manhã seguinte. Sairão do freezer duas denúncias criminais, quiçá três.
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