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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


terça-feira, 10 de julho de 2018

Pedro II do Brasil.

Em 1871, a Imperatriz Teresa Cristina doou todas as suas joias pessoais para a causa abolicionista, deixando a elite furiosa com tal ousadia. No mesmo ano A Lei do Ventre Livre entrou em vigor, assinada por sua filha a Princesa Imperial Dona Isabel.

Oficialmente, a primeira grande favela na cidade do Rio de Janeiro, data de 1893, 4 anos e meio após a Proclamação da República e cancelamento de ajuda aos ex-cativos.

José do Patrocínio organizou uma guarda especialmente para a proteção da Princesa Isabel, chamada “A Guarda Negra”. Devido a abolição e até mesmo antes na Lei do Ventre Livre de 1871 , a princesa recebia diariamente ameaças contra sua vida e de seus filhos. As ameaças eram financiadas pelos grandes cafeicultores escravocratas.

A família imperial não tinha escravos. Todos os negros eram alforriados e assalariados, em todos imóveis da família.

D. Pedro II tentou ao parlamento a abolição da escravatura desde 1848. Uma luta contra os poderosos fazendeiros por 40 anos. O Parlamento sempre negava o projeto de lei, pois muitos tinham influências diretas ou indiretas com os grandes cafeicultores escravocratas.

Se tratando de uma MONARQUIA CONSTITUCIONAL PARLAMENTARISTA, o imperador não tinha o poder para decretar leis sem aprovação da maioria do parlamento.

Princesa Isabel recebia com bastante frequência amigos negros em seu palácio em Laranjeiras para saraus e pequenas festas. Um verdadeiro escândalo para época.

Na casa de veraneio em Petrópolis, Princesa Isabel ajudava a esconder escravos fugidos e arrecadava numerários para alforriá-los.

Pedro II criou uma cota para negros alforriados ingressarem no Colégio Pedro II e nas Faculdades. Essa cota não foi aprovada pelo parlamento, porém Pedro II tirou de seus próprios proventos a garantia da cota. No período de 1872 e 1889 centenas de ex-cativos se tornaram médicos, advogados, engenheiros... Graças a chamada “bolsa do imperador”.

O bairro mais caro do Rio de Janeiro, o Leblon, era um quilombo que cultivava camélias, flor símbolo da abolição, sendo sustentado pela Princesa Isabel.

Aumento do próprio salário! O Imperador esteve no trono brasileiro por 50 anos. Mas nunca aceitou aumento na sua dotação, isto é, o salário. Quando morreu exilado em 1891, não havia acumulado riqueza alguma.

Faleceu em um modesto quarto de hotel de 3 estrelas em Paris que era pago por um grande amigo, o Barão de Loreto.

Suas últimas palavras foram: "Deus que me conceda esses últimos desejos - Paz e Prosperidade para o Brasil."

Enquanto preparavam seu corpo, um pacote lacrado foi encontrado no quarto com uma mensagem escrita pelo próprio Imperador: "É terra de meu país; desejo que seja posta no meu caixão, se eu morrer fora de minha pátria".

3 comentários:

  1. Essa história nos faz chorar por motivos antagônicos : de orgulho pela Monarquia e de raiva pela republiqueta existente, especialmente a de hoje dominada por bandidos, canalhas, pilantras e ladrões.

    Portanto, sou torcedor de carteirinha da Belgica e da Inglaterra nas finais da copa do mundo. Duas Monarquias que servem de exemplo.

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  2. Caro Morais:
    Eu ia comentar, mas achei melhor que o comentário se transformasse num artigo dado o valioso conteúdo do seu escrito. Leia logo acima.

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