O número mais dramático de uma campanha eleitoral é aquele que o candidato pretendia executar no instante em que começa a ser eliminado do espetáculo pelo eleitorado. O plano original do PSDB previa que Geraldo Alckmin estaria agora cavalgando o sucesso de sua propaganda eleitoral, a caminho do segundo turno.
Em vez disso, o candidato emite sinais de desespero no horário eleitoral. E observa a formação de uma fila de tucanos na saída de emergência. Em privado, crescem as queixas de correligionários de Alckmin com o que chamam de “jogo duplo” de João Doria.
Candidato do PSDB ao governo de São Paulo, Doria massageia Alckmin em público. Fez isso numa aparição ao lado do padrinho político neste domingo (23): “A campanha será de reta final, nos últimos sete dias”, declarou, como se procurasse atenuantes para o desempenho pífio de Alckmin. Em privado, libera seus correligionários para estimular o voto “Bolsodoria”: Bolsonaro para presidente, Doria para governador.
O movimento é guiado pelo pragmatismo eleitoral. Alckmin derrete em São Paulo. Segundo o Datafolha, perde para Bolsonaro: 16% a 27%.
E Doria não quer correr o risco de ver os eleitores de Bolsonaro migrando maciçamente num eventual segundo turno para a candidatura rival de Paulo Skaf, que disputa com ele o Palácio dos Bandeirantes. Daí o estímulo cada vez menos velado à dobradinha ''Bolsodoria''.
Salve-se quem puder.
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