Em
tempos de massivo uso da internet e redes sociais, pessoas comuns têm
se tornando cada vez mais protagonistas em áreas às quais não tinham
acesso anos atrás. Agora, elas conseguem saber das notícias mais
rapidamente, compartilhá-las e produzir seu próprio conteúdo nas redes
sociais e no YouTube. A possibilidade de obter conhecimento e ter voz,
alcance e influência é chamada de “novo poder” pelos autores Henry Timms
e Jeremy Heimans, autores do livro O Novo Poder, publicado no Brasil pela editora Intrínseca.
O inglês Henry Timms é presidente do 92nd Street Y, centro cultural
comunitário que cria programas e movimentos que fomentam o aprendizado e
engajamento cívicos. Já o australiano Jeremy Heimans é CEO e um dos
fundadores da Purpose, empresa especializada na concepção e no apoio de
movimentos sociais em todo o mundo.
Pergunta da revista VEJA:
No Brasil, 64,7% da população tem acesso à internet, de acordo com
dados do IBGE de 2016. Em um ano de eleição, mesmo com acesso limitado, é
possível que as redes sociais definam o resultado em favor de
candidatos com pouco tempo de televisão?
Resposta de Timms:
Não acho que seja limitado. E esse número entre as pessoas que votam
tende a ser maior. Então pegue como exemplo o que se passou nos Estados
Unidos. Todos os especialistas apontavam um resultado, e não foi o que
aconteceu. O mesmo com o Brexit, no Reino Unido. Então, sim, é possível
que no Brasil a internet decida a eleição. A ideia do tempo de TV é algo
muito relacionado ao antigo poder. Não acho que se ganha eleição
apresentando propostas nesse tempo, mas oferecendo algo diferente às
pessoas nesse curto espaço, levando-as a um novo lugar.
Resposta de Heimans:
O Bolsonaro replicou a estratégia da campanha de Trump. Ele usa um
exército de pessoas nas redes sociais em seu favor, algo que a grande
mídia não entendeu. Apesar de Trump apontar números na pesquisa 10%
inferiores aos de Hillary, nas redes sociais seu alcance era 10%
superior. Ele soube usar isso para impulsionar sua campanha, e me parece
que Bolsonaro tem essa mesma intensidade. Seus números na pesquisa
podem estar aquém de seu apoio. Muitas pessoas que o respaldam nessa
eleição, homens mais velhos, estão participando pela primeira vez de uma
eleição com redes sociais e estão se sentindo politicamente
participativos, algo muito semelhante ao que ocorreu nos Estados Unidos.
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