(Foto: Uanderson Fernandes, Agência O Globo)
Como eximir de responsabilidade de tão grande tragédia os homens
públicos que em seus imensos desmandos pilharam o Estado, prostituíram
suas instituições, aviltaram nossa História, desonraram nossos heróis,
vilipendiaram nossa cultura, contaminaram nossas escolas e universidades
com as doutrinas pútridas que subvertem a ordem pública, as
instituições jurídicas, os valores culturais e familiares?
A
figura de Dom Pedro II - o último Imperador, escorraçado do Brasil
pelos republicanos, na calada da noite, com a Família Imperial - parece
assistir impávida e de costas ao teatro macabro do incêndio que devorou o
Palácio de São Cristóvão, no Rio de Janeiro.
Ali, na Quinta do Boa Vista, a 2 de Setembro de 1822, a Imperatriz D.
Leopoldina, então Regente, assinou o decreto de independência do Brasil.
Também num 2 de Setembro, precisamente 196 anos depois, um incêndio de
causas desconhecidas, devorou a residência da Família Imperial, onde
viveram D. Pedro I e D. Leopoldina, onde nasceram a futura Rainha de
Portugal, D. Maria II e o futuro imperador do Brasil, D. Pedro II, que
ali foi educado e viveu; onde nasceu também a Princesa Isabel, a
Redentora.
Testemunha incomparável da História, o Paço de São Cristóvão abrigava
um acervo histórico, cultural e científico incalculável, que as
labaredas em sua sanha devoradora não pouparam. Objetos de arte e da
Antiguidade doados pela Família Imperial, coleção de mineralogia, peças
etnográficas e um acervo bibliográfico, com obras raras, mapas, livros,
periódicos, etc., a História do Brasil foi queimada nas chamas da
incúria.
Como eximir de responsabilidade de tão grande tragédia os homens
públicos que em seus imensos desmandos pilharam o Estado, prostituíram
suas instituições, aviltaram nossa História, desonraram nossos heróis,
vilipendiaram nossa cultura, contaminaram nossas escolas e universidades
com as doutrinas pútridas que subvertem a ordem pública, as
instituições jurídicas, os valores culturais e familiares?
A dor, a indignação e a firme determinação de não permitir que estes
desmandos prossigam, marcam hoje uma infinidade de corações
verdadeiramente brasileiros.
A imagem da figura digna e impávida do último Imperador do Brasil - um
Monarca que tão bem soube encarnar a brasilidade, que deu sequência à
grandiosa obra de formação de uma nacionalidade erigida sob a ação
benéfica da Cruz - parece ser a consciência histórica do Brasil a
censurar os descaminhos de vergonha e destruição a que os homens
públicos de hoje conduziram o País. O Palácio de São Cristóvão arde e o
Brasil arde com ele.
A Terra de Santa Cruz merece, por certo, um futuro que reate com sua verdadeira história.
Não vejo nenhum artista super rico afirmando que o dinheiro leberado pela "Lei Rouanet" teria melhor finalidade se aplicado na conservação dos museus e casas de culturas.
ResponderExcluirO fato é que o museu não fala, não faz protesto, não defende o governo, não vota.
Já os artistas são uma fonte de votos, carregam o santo no andor.