Escritório Regional de Produção Mineral do Crato encerra atividades
Fonte: "Diário do Nordeste", 24-12-2018
A prática de contrabando de fósseis é comum no Cariri, alertam pesquisadores FOTO: KIKO SILVA
A
diretoria colegiada da Agência Nacional de Mineração (ANM), antigo
Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), aprovou mudanças que
afetam, entre outras coisas, a sua estrutura organizacional, que é
responsável pela fiscalização, regulação e proteção dos recursos
minerais. As alterações foram publicadas no Diário Oficial da União
(DOU), na Resolução de nº 2, de 12 de dezembro de 2018. Com isso, o
Escritório Regional do Crato vai encerrar suas atividades e isso pode
afetar a fiscalização no Cariri.
De
acordo com o chefe do Escritório Regional do Crato, Artur Andrade, a
informação de que a unidade local não seria contemplada no novo
regimento já circulava, de forma não oficial, mas foi confirmada na
última semana.
No
município, há apenas dois servidores: Artur, que é geólogo, e outro
profissional que trabalha no setor administrativo. Ambos devem,
possivelmente, ser deslocados para Fortaleza, onde funcionará uma
Gerência Regional. Uma das alternativas para a ANM continuar no Cariri
seria a criação de uma Unidade Avançada, como aconteceu em Criciúma
(SC), Itaiatuba (PA), Governador Valadares, Patos de Minas e Poços de
Caldas (MG).
O
Escritório Regional está instalado em um prédio da Prefeitura do Crato,
que deve ser devolvido. Já os bens materiais ainda não têm seu destino.
No entanto, o material fóssil que está sob sua guarda deverá ser
entregue, a princípio, à Universidade Regional do Cariri (Urca), que
detém o Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens, em Santana do
Cariri.
De
acordo com o geólogo da ANM, Paulo Ribeiro Santana, o material
depositado no Escritório do Crato será destinado, preferencialmente, às
instituições científicas da Região, como o Museu de Paleontologia
Plácido Cidade Nuvens, da Urca, e a Universidade Federal do Cariri
(UFCA).
A
maior preocupação com o fim do Escritório Regional é quanto à
fiscalização, principalmente, pelo tráfico de fósseis. "A região não vai
ter um ponto de referência no sentido de qualquer denúncia", acredita
Artur.
"Desinstalando
o escritório, as denúncias, tanto em mineração como paleontologia,
chegarão a Fortaleza. Aí, devem deslocar um corpo técnico para fazer
essas vistorias. Vai demorar mais". O Escritório Regional de Crato era
responsável por fiscalizar aproximadamente 10 mil quilômetros quadrados,
contando com apenas duas pessoas.
"Aqui
estava praticamente entregue a ninguém. Sem dúvida, o fim do escritório
está prejudicando e abrindo um precedente sério para o tráfico de
fósseis. Pelo bem ou pelo mal, existia um local aqui onde alguém poderia
denunciar. Não é só a questão do fóssil, mas da água. Os arenitos da
encosta do Crato, que estão fazendo construção de forma perigosa, a
retirada de areia dos rios. Eu acho um verdadeiro descaso não ter um
ponto de fiscalização direto aqui", lamenta Álamo Feitosa.
Contrabando
A
prática de contrabando de fósseis é comum no Cariri. O professor Álamo
Feitosa acredita que isso começou na década de 1980 e foi diminuindo,
mas está sendo retomada nos últimos anos. Para ele, há uma "cadeia"
deste tipo de tráfico. Tudo começa em Santana do Cariri e Nova Olinda,
em contato com pessoas de Juazeiro do Norte. Estas, acionam pessoas em
São Paulo, que montam os lotes que depois saem pelos portos para fora do
País. Importante destacar que cada nacionalidade possui uma legislação
diferente, que permite, inclusive, a posse particular desse material. No
Brasil, a comercialização de fósseis é proibida.
Prezado Armando - Os últimos governos não tiveram o devido cuidado nem com as coisas do presente, imagine com "Museus" que são objetos do passado.
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