“Somente os tolos não julgam pelas aparências”. Oscar Wilde.
Biu era um doido da cidade de São José do Egito, interior de Pernambuco. Dizia-se dele que, durante metade do ano, ficava doido e só recuperava o juízo na outra metade.
Era um doido com juízo e tinha sempre respostas rápidas e inteligentes na ponta da língua. Um maluco beleza, sem dúvidas.
Certo dia, no período da doideira, em cima da ponte sobre o rio Pajeú, Biu observava a natureza quando foi instigado por uns rapazes de carro para que pulasse de onde estava.
Dito e feito: Biu pulou e quebrou uma das pernas. Mais tarde, já no hospital, visitado pelos amigos, indagado sobre o pulo suicida de cima da ponte, ele não titubeou e disse: “Só prestou a saída”.
Pois bem. As aparências indicam que, no governo Bolsonaro, a saída não foi boa. E o pior: já tem gente com a perna quebrada. Enquanto isso, ficamos aqui já preocupados sobre como será a chegada.
Sim, porque o Ernesto e a Damares têm fascínio pelo abismo. Convém não passar por perto de pontes.
Pedro Bandeira, consagrado poeta e repentista do Cariri, poetizou sobre os “doidos”:
Eu mesmo sou meio doido
Tão doido que me confundo
Lá em casa tudo é doido
Doido Zé, doido Raimundo
Doido branco, doido preto
Doido limpo, doido imundo
Dois doidos tomando banho
Um no raso, outro no fundo
Só o notável poeta Pedro bandeira para definir tão bem esse Brasil.
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