Um sonho não concretizado: Crato capital do Cariri
Registros da nossa história provam que, em 1828, a Câmara de Vereadores
do Crato encaminhava representação ao Governo mostrando a oportunidade
de criação da Província do Cariri Novo. Não foi atendida nessa
pretensão. A ideia voltou à tona, em 14 de agosto de 1839, quando o
senador José Martiniano de Alencar, do Partido Liberal, apresentava no
Senado do Império do Brasil projeto de lei cujo artigo 1º dizia
textualmente: "Fica criada uma nova província que se denominará
Província do Cariri Novo, cuja capital será a Vila do Crato".
Os demais artigos desse projeto de lei tratavam sobre os limites geográficos da nova unidade do Império do Brasil que incluíam municípios do sul do Ceará e os limítrofes das Províncias da Paraíba, Pernambuco e Piauí. Com a ascensão do Partido Conservador ao poder, o projeto de lei não prosperou. Anos depois, através do jornal "Diário do Rio de Janeiro", voltava o senador Martiniano de Alencar a defender sua ideia de criação da Província do Cariri. Tudo ficou só num sonho.
Crato: a segunda casa à esquerda, com três portas, pertenceu a Bárbara de Alencar
Centenário de Alderico de Paula Damasceno
Crato não é uma cidade ingrata. No próximo dia 24 de setembro, o
Instituto Cultural do Cariri, Universidade Regional do Cariri-URCA e
Colégio Estadual Wilson Gonçalves, farão uma sessão conjunta para
comemorar o centenário de nascimento do saudoso professor Alderico de
Paula Damasceno (foto à direita). Este, foi um professor idealista
e autêntico que ministrou a disciplina de História em quase todos os
educandários cratenses. Nas horas vagas, além de professor também de
Educação Física, Alderico foi técnico de clubes de futebol de Crato.
A
propósito, e vale o registro: o colunista Neno Cavalcanti publicou,
anos atrás, no jornal “Diário do Nordeste”, a nota que abaixo transcrevo
“Falam
do terno do treinador Luxemburgo, mas ele não está sendo nada original.
Nos anos 50, no Crato, o técnico do Cariri Futebol Clube, Alderico
Damasceno, que era também professor de História e Educação Física, ia ao
campo trajando paletó e gravata. Levava também um guarda-chuva que
usava, chovesse ou fizesse sol, para apontar o setor pelo qual ele
desejava ver seu time atacando”.
Cratenses que não esquecem sua terra
Jornalista Xico Sá
Dias
atrás, li no jornal espanhol El País uma crônica do jornalista Xico Sá
(nascido no Crato do Cariri), que estava visitando o Crato do Alentejo,
em Portugal, de onde retirei o parágrafo abaixo, quem sabe devido as
repercussões da politicagem que divulgam lá fora sobre o nosso Brasil:
“Agora
mesmo estou no Crato, não o meu Cratinho do Cariri cearense, falo do
Crato homônimo do norte do Alentejo — uma cidade medieval do século XIII
que deu nome ao munícipio do sertão (cearense) —, quando uma
“conterrânea” portuguesa, uma senhorinha enlutada, interrompe sua sesta e
chacoalha meu juízo: “Que se passa com vosso país?” Só me restou dizer
que os cratenses do Nordeste brasileiro, pelo menos, estão na fileira
da resistência, ufa. Tomara que eu ainda tenha razão a essa altura”
(...)
Outro cronista que poderia ser chamado “O Menestrel do Crato”
O advogado, administrador e dicionarista Geraldo Duarte escreve toda
terça-feira um artigo (ele chama de “artiguete”), no “Diário do
Nordeste”, de Fortaleza. Vez por outra ele escreve sobre “causos”
acontecidos nesta Mui Nobre e Heráldica Cidade de Crato. Hoje, 27
de agosto, Geraldo Duarte (que só esteve uma única vez em Crato na
época da sua juventude quando integrou manobras do CPOR, mas se
apaixonou à primeira vista pelo “Cratinho de Açúcar”) escreveu
sobre dois típicos cratenses: Hermes Lucas e Jorge Lucas. Dois irmãos
que marcaram sua passagem por Crato. Como sempre, Geraldo Duarte burilou
sua crônica num estilo agradável, de leitura prazerosa. A
e conferir.
“Senador, foguetes e gargalhadas – Por Geraldo Duarte - advogado, administrador e dicionarista
Wilson Gonçalves: deputado, vice-governador, senador e ministro do TCU
Anos
1960. Acirradas disputas dos cratenses pertencentes a UDN e ao PSD. O
advogado paraibano Wilson Gonçalves (1914 - 2000) fez-se chefe político
na terra do Padre Cícero, deputado estadual, vice-governador e senador
da República.
Hermes
Lucas, tio do jornalista e escritor Oswaldo Alves de Sousa (autor de
“Combatendo Pelo Crato” e “Tipos e Ditos Populares do Crato de Ontem e
de Hoje e Outros Temas”, integrante da UDN), ao contrário deste,
pertencia ao PSD.
Solteirão, boêmio e conhecido dada à presença de espírito tornou-se, como o irmão Jorge, personagem folclórica.
Um
sacerdote, buscando um dos manos, encontrou o outro e indagou onde o
encontraria, pois há dois dias o procurava, deixava recados e nenhum
êxito. Resposta rápida. “Arme uma arapuca ali, na Praça Siqueira Campos,
bote uma rapariga dentro que ele cai.”
Rapaz
afrodescendente, educado e trabalhador enamorou-se da filha de um
comerciante. Este, sabendo da amizade do namorado com Jorge, pediu-lhe
que interviesse, em face de achar o namoro “desigual”. Ouviu de pronto:
“Se você soubesse quanto o jovem é bom, não reclamava e pintava os seus
filhos de preto.”.
Todas
as vezes que Wilson Gonçalves chegava ao Crato, Hermes, fiel liderado,
posicionava vários fogueteiros em pontos estratégicos do itinerário do
parlamentar e o foguetório estrondava durante minutos em sua passagem.
Adversário
descobriu que Hermes colocava pessoa, a um 1 km da entrada da cidade
que, avistando a comitiva, disparava rojão, como senha para os
correligionários, no centro, replicarem.
Assim, um oponente pôs alguém para duas horas antes, soltar o fogo de artifício, fingindo o aviso.
Como de praxe, ouvido o sinal, estampidos ecoaram, sem a figura da autoridade.
Dizem que, no silencioso trajeto do senador, ouviram-se gargalhadas dos opositores.
De tão queridos, Hermes e Jorge Lucas nominam ruas do Crato”.
Prezado Armando - Parabéns pela postagem.
ResponderExcluirPeço permissão para comentar apenas três dos pontos levantados com muita sabedoria por você.
Casa de Barbara de Alencar - Na minha singela opinião ergueram no local um monumento a heroína que a desonra e desmerece.
Alderico Damasceno - Fui aluno dele por três anos no Colégio Estadual do Crato.
Wilson Gonçalves - Poucos cratenses fizeram tanto pela educação do Crato quanto ele fez.
Verdade, Morais.
ResponderExcluirConcordo com você em número, gênero e grau.